Desde 23 de Dezembro que tento comprar a nova edição de Lisboa, Cidade Triste e Alegre. Primeiro na livraria Inc, no Porto, onde pedi, através de um amigo, para me guardarem um exemplar no dia do lançamento. Uma semana depois, fui lá buscá-lo e não o tinham guardado. Asseguraram-me que iam resolver o assunto mas nunca mais disseram nada. Acabei por desistir. Mais tarde, através de amigos meus, houve mais uma hipótese de comprar o livro que acabou também por não dar resultados. Finalmente, esta semana consegui ver uma cópia: no que diz respeito à tipografia, está bastante próxima ao original. Os papeis usados são levemente diferentes. Contudo, as fotografias têm problemas evidentes de digitalização. Em muitas delas os pretos e os cinzentos aparecem posterizados. Enquanto no original haviam gradações suaves de cinzento, agora aparece um único tom uniforme, aumentando o contraste e pondo em causa a riqueza tonal da imagem. Normalmente, não costumo ligar muito a este tipo de problema, mas tendo ainda presente a edição original do livro é difícil não reparar.
(a imagem que ilustra este post corresponde à edição original)
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Também já estive com o livro nas mãos, em casa de um casal amigo. A edição (formato e papel) está muito bem conseguida.
No entanto, confirmo a grande desilusão que são a reprodução das fotografias. A digitalização foi feita (suspeito eu) a partir de um volume editado e perdeu-se a gama de contrastes das fotografias originais – na altura também comentei que parecia que as imagens tinham levado uma ligeira posterização.
A sensação que se tem é a de ver imagens JPEG a partir de um scanner doméstico… os brancos e os cinzas claros “rebentam” facilmente e os pretos absorvem o pormenor (mesmo apesar da impressão ser boa). Aquela sensação nostálgica, quase “bressoniana” que se podia retirar das imagens de época desvanece rapidamente para dar lugar a uma sensação de “feito a despachar”… é pena. “Este tipo de problema” estraga a essência do livro, por isso acho de maior importância teres notado, Mário. Mesmo para quem não conhece o original, é difícil acreditar na qualidade destas imagens.
A última vez que tive esta sensação foi quando comprei a edição portuguesa do Godel, Escher e Bach em português… acabei por comprar a edição original logo a seguir…
Apesar de tudo, vale a pena folhear o livro, que é muito giro (para quem não o conhece) e aprecio a iniciativa de o reeditar…
A edição da Gradiva do Godel, Escher, Bach é das piores coisas que já vi impressas. Parece que as imagens estão a ser entrevistadas na televisão num daqueles programas de Grande Reportagem sobre traficantes de droga. Só falta a voz distorcida. Na altura atribui o problema ao facto do autor dizer na introdução que este era um dos primeiros livros compostos digitalmente. No entanto, ao ver a edição impecável da Penguin vi que a causa era apenas mau tratamento das imagens por parte da Gradiva. Em algumas gravuras do Escher, desapareciam personagens tal era a falta de definição.
Tenho a mesma opinião. O trabalho da Pierre von Kleist é muito meritório e o esforço de “estar à altura” do original é evidente (pessoalmente até gosto mais do papel desta edição), onde a coisa falha (falha que salta à vista) é na reprodução das fotografias. Algumas páginas são mesmo “estranhas” (como a página dupla do poema “Capital” do David Mourão-Ferreira). São outras fotografias, outro preto e branco, outro brilho, diferentes quer da edição de 1959, quer da edição da ether. Confesso que coloquei as três edições alinhadas na estante, mas são três livros de “campeonatos” diferentes.
Não tenho a certeza, mas penso que a edição da Ether foi feita encadernando os fascículos da edição original.
Edição de 1959 e edição da Ether?
Em 1982, a Ether recolheu originais de 1959 e compilou-os nos volumes possíveis.
Exactamente, por iniciativa do António Sena da Silva, a Ether editou o “Lisboa” em 82, foram feitas então duas edições uma de 2.000 exemplares em cartolina off-set de 160 grs. e uma tiragem especial (60 exemplares) em cartolina de 200 grs. rubricadas pelos autores.
Mário, se possível elimina o comentário anterior. Está incorrecto.
Como já houve comentários de resposta de terceiros, já não posso eliminá-lo sem apagar os comentários posteriores, mas de qualquer modo fica feita a correcção.
Exactamente, obrigado pelo correcção.
A edição da PvK está em grande destaque nas FNACs no Chiado e Colombo em Lisboa. Noventa euros parece-me um preço exorbitante por uma edição não limitada (ou sem qualquer elemento de “nobilitação” que não seja a notoriedade da obra em si), mas esse destaque pode levar a uma longa permanência na FNAC (que, Deus os guarde, é a ÚNICA cadeia a cumprir a obrigação dos fundos de catálogo) e a preços bem mais reduzidos ou até a saldos para o ano. Esperemos.
É estranho quando um site oficial refere:
“Long out of print, this new edition will be done exactly as the first edition”
…e depois, no artigo da Arte Photographica:
“A inexistência da maior parte dos negativos e o desaparecimento da rotogravura em Portugal (técnica em que foi impressa a primeira edição) obrigaram os novos editores a optar por uma solução em fac-símile. Ou seja, as fotografias foram fotografadas e tratadas digitalmente de maneira a aproximarem-se ao máximo dos originais.”
http://www.pierrevonkleist.com/lisboa.html
http://artephotographica.blogspot.com/2009/11/lisboa-cidade-triste-e-alegre.html
Aqui ficam os originais (5/7) para quem os quiser adquirir.
http://www.leiloes.net/ABC123-LISBOA–ALEGRE-TRISTE-DE-VICTOR-PALLA–57—FOTO,name,67177343,auction_id,auction_details