Há cada vez menos tempo para desenvolver investigação sobre história do design e calculo que haverá ainda menos tempo no futuro. Num artigo recente no Design Observer, Rick Poynor põe o dedo na ferida: as cadeiras de história do design tendem a ser periféricas dentro da estrutura dos cursos. São cadeiras de exposição, em geral curtas, até duas ou três horas semanais, na maioria dos casos semestrais. Para um docente universitário ter um horário completo precisa de uma média anual de cerca de nove horas de aulas por semana – em geral mais que isso. Uma cadeira prática com duas aulas por semana, sobretudo se for anual, completa este horário sem grandes problemas; uma cadeira teórica semestral nem chega para começar a encher o fundo de um horário.
Janeiro 27, 2011 • 10:37 pm 15
Tipografia? Gráfico? Ainda?
(via)
A discussão da semana passada sobre a importância (ou não) do kerning lembrou-me outras, em particular a da relação do design com a tipografia. Muita gente assume que a tipografia é um dos domínios naturais do design. No entanto, as coisas não são assim tão simples. Embora os designers gostem de acreditar que são os herdeiros de uma tradição tipográfica, tirando os especialistas e os obcecados, poucos designers dedicam mais do que uma distância informada a este assunto.
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Janeiro 25, 2011 • 10:04 pm 11
Indústrias Familiares
Nas últimas semanas tenho dedicado mais do que um texto a cada assunto porque os assuntos são grandes e depois de escritos fica sempre uma ou outra coisa por dizer – neste caso, mais alguns pontos avulsos no que diz respeito à dificuldade dos mais novos entrarem no mercado de trabalho.
Janeiro 22, 2011 • 1:24 am 7
A Eterna Juventude
No penúltimo texto falei sobre os problemas laborais dos jovens portugueses ou, mais exactamente, sobre a infantilização crescente que lhes é imposta, condenando-os a, já depois dos trinta, viverem em casa dos pais, saltando de estágio em estágio ou de bolsa em bolsa. Mesmo a qualificação crescente a que são sujeitos, condenados a um sem fim de cursos, formações, pós-graduações, mestrados e doutoramentos, acaba por ser um peso e a marca de uma injustiça – estuda-se porque não se pode trabalhar.
Janeiro 20, 2011 • 2:04 pm 17
Fazer bom kerning pelos vistos é pecado
Na semana passada dediquei dois textos à tipografia das estações de metro do Porto usando-a como mote para demonstrar que um design de má qualidade cumpre, para algumas pessoas, a função de mostrar que nos preocupamos com coisas mais importantes. Continuamos a fazer design e a gastar dinheiro com ele, mas vamos desculpando a sua falta de qualidade porque há coisas mais importantes em que pensar. Por não ser essencial, o design torna-se assim negligenciável.
Janeiro 17, 2011 • 2:04 pm 11
Juventude em Marcha
Confesso com um niquinho de embaraço que vou seguindo fielmente as reviravoltas da Gossip Girl, nem sei bem porquê. Os enredos são repetitivos. Os personagens têm a memória temperamental de um cidadão de Patópolis. De um episódio para o outro, podem esquecer uma tentativa de violação, agressão física ou difamação e ir alegremente às compras de braço dado com o antigo inimigo. De vez em quando alguém se lembra – por conveniência do enredo – que é adversário mortal de alguém com quem esteve a tomar café calmamente na semana anterior.
Janeiro 15, 2011 • 1:20 pm 10
Ser minimalista em Portugal…
(via)
Quando no último texto usei o Metro do Porto como exemplo para demonstrar como a preocupação com o pormenor da arquitectura da Escola do Porto se dissolve rapidamente quando entra em contacto com a tipografia, alguns leitores chamaram-me a atenção que existem problemas mais importantes no metro do que o kerning, nomeadamente as acessibilidades a pessoas com problemas motores.
Já tinha respondido brevemente a esta objecção nos comentários ao texto anterior, mas acredito que merece um pouco mais de tempo, tendo em conta que esta linha de argumentação – uma preocupação com uma questão estética deve ser adiada enquanto houver coisas mais importantes para tratar – surge recorrentemente nas discussões sobre o papel da cultura e do design em Portugal.
Janeiro 12, 2011 • 9:03 am 15
Atenção ao pormenor
Supostamente, uma das características mais marcantes da arquitectura de Siza ou de Souto Moura seria a atenção ao pormenor, bem visível nas estações de metro do Porto, onde o padrão dos azulejos alinha pelas portas, pelas esquinas, pelas aberturas dos armários de manutenção (conforme se pode ver bem na foto acima). Tanto quanto é possível perceber, não há azulejos cortados ao meio em toda a rede de metro do Porto.
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