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O Domingo é, para mim, o dia em que fico completamente paralisado a tentar decidir como aproveitá-lo a sério: posso trabalhar e ignorar o sol lá fora e começar a desbastar a selva de mails por responder (mas só de pensar no assunto dá-me vontade de ir até à casa de banho e enrolar-me em posição fetal sobre os azulejos do chão durante o resto do dia); sinto a tentação de continuar a ler The New Vision, de L. Moholy-Nagy, edição revista e aumentada de um dos livros da Bauhaus, para um projecto que ando a tentar fazer sobre design, transgressão e legitimidade (infelizmente, ando a ler uma bela primeira edição americana de 1938, e tenho medo de a ler fora de casa); tenho vontade de sair de casa (embora o Porto me deprima, em especial ao Domingo); também tenho saudades de ler ficção e ando a namorar mais um livro de China Miéville, Kraken, que espero ser tão bom como o brilhante The City & The City; ou então mais um livro de ficção científica de Iain Banks, de quem tenho andado a debicar a série de livros que dedicou à Cultura, um império anarquista espacial, como resposta ao que ele percebia serem tendências de direita na ficção científica clássica; posso investir na velha Playstation, que anda a ganhar pó num canto da sala; posso ver os Oscares mais logo, o que não resolve o problema de como ocupar o dia, mas é uma boa expectativa (embora tenha detestado as cerimónias dos outros anos); etc. Enfim, mesmo que acabe por ficar a dormir, é bom saber que ainda há espaço para este grau de indecisão na minha vida, passada num sítio onde cada vez mais coisas são tidas como inevitáveis: o governo continuar no poder; a vinda do FMI, os próximos anos a pagar a dívida, a perda de soberania, a estupidez de Bolonha…
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