Neste momento, não tenho o meu computador, onde estão todas as minhas notas, portanto alguns dos detalhes vão ter de ficar necessariamente vagos, sem possibilidade de confirmar nomes ou datas com toda a certeza – mas tudo isso fica para um futuro texto. Para já, importa apenas registar uma ideia simples: neste momento, certas livrarias vão-se tornando em espaços estéticos; a forma como expõem uma selecção de livros a um público vai-se tornando numa programação, num acto consciente de comissariado. Internacionalmente, já se fazia isso na Dexter Sinister de Nova Iorque; por cá havia a Estante, literalmente uma livraria reduzida a uma estante ambulatória, montada às vezes de pé, outras vezes deitada, em feiras, exposições e eventos variados; havia o Navio Vazio, um pequeno espaço mantido pela Braço de Ferro numa antiga loja de chaves no Porto, pouco maior do que um livro e tratado como um pela editora. Mais recentemente, a livraria da Culturgest de Lisboa passou a ser também um espaço comissariado, onde a programação, ou seja a escolha dos livros para exposição e venda, é assegurada por Miguel Wandschneider. É um desenvolvimento curioso, que me parece estar relacionado com os circuitos de distribuição de publicações alternativas, independentes ou experimentais, um comércio que se faz cada vez mais através de encomendas internacionais pela internet, libertando as livrarias para desempenharem funções distintas das do simples comércio.
Filed under: Crítica, Cultura, Design, Notícias Breves
Comentários Recentes