
Aqui fica o capítulo dedicado à mão de obra de O Problema das Artes Gráficas, de Luiz Moita, editado em 1935, do qual comprei um exemplar ainda por abrir há quase um ano. Não resisti a reproduzi-lo na integra, pela comparação que se pode fazer com o actual problema dos estágios não remunerados. Conto comentá-lo com mais vagar num futuro texto mas, para já, chamo a atenção para alguns pormenores: o processo de recruta do trabalho infantil; a crítica deste como uma forma de concorrência barata ao trabalho adulto; o ensino vocacional e profissional como novidade e enquanto solução para limitar a concorrência desleal; a ideia de salários para os alunos das escolas profissionais.
“Um dia uma Senhora das minhas relações vem ter comigo muito interessada. Empenha-se numa obra de caridade e deseja o meu auxílio. Descreve-se no ar um quadro de miséria onde há uma viúva rodeada de filhos, necessidades imediatas a socorrer. A mais velha das crianças é uma rapariga. Essa já está a servir. Depois, um rapaz de cerca de catorze anos, que há pouco fez o exame de instrução primária.
O sorriso da Senhora das minhas relações é luminoso e claro. Fixa-se exactamente no garoto de catorze anos, dando-me a entender que tenho de o empregar.
E começa o detalhe do contracto. O pequeno, a mãe do pequeno, não fazem questão de emprego, nem de ordenado. Ele não tem prática de nada, nada exige, portanto. Escritório? Oficina? ‘Qualquer coisa’ lhe serve.
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