Uma reflexão mais emotiva e talvez mais autobiográfica que o costume sobre a teoria e o que torna alguém um teórico por Terry Eagleton no seu The Function of Criticism (tradução minha):
“A teoria é muitas vezes entendida como uma ocupação hermética e sofisticada, e há boas razões para isso; mas, traçando o desenvolvimento da moderna teoria da literatura até aos anos 1960, lembramo-nos da inocência de todas as empreitadas teóricas. A interrogação teórica demonstra sempre algo da perplexidade de uma criança perante práticas dentro das quais ainda não foi completamente incluída; enquanto essas práticas não se ‘naturalizaram’, a criança retém uma sensação da sua arbitrariedade misteriosa, talvez até cómica, e continua a dirigir as mais fundamentais e intratáveis perguntas aos mais velhos sobre as suas razões e motivações. Esses adultos tentam sossegar a estranheza da criança com uma justificação Wittgensteiniana: ‘Isto é o que nós fazemos‘; mas a criança que retém o seu fascínio vai crescer para ser o teórico e político radical que exige justificação, não por esta ou aquela prática, mas por toda a forma de vida material – a infra-estuctura institucional – que as concretiza, e que não entende porque se pode fazer as coisas de modo diferente por uma vez.”
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