(foto: Susana Gaudêncio)
Reparei na garrafa de pedra há quase vinte anos, quando o meu primeiro emprego – ou mais exactamente “estágio” – me obrigava a atravessar todos os dias a ponte D.Luís numa daquelas carreiras privadas mal-cheirosas que faziam os autocarros dos STCP da época parecerem vaivéns espaciais. Do lado de Gaia, quase invisível a meio da ladeira do lado esquerdo da ponte, um pouco abaixo do tabuleiro superior, via-se a custo da janela da carreira um edifício em ruínas coroado por uma garrafa de vinho do Porto, provavelmente moldada em cimento.
Neste Verão, uma visita guiada a uns amigos americanos deu-me a oportunidade para finalmente a ver mais de perto, trepando uma ruela íngreme e quase rural entre a base da ponte e o Jardim do Morro (uma vista incrível).
Não sei quem a fez ou o que anunciava, mas pareceu-me sempre um fóssil publicitário de outros tempos, uma espécie de Absolut Porto espontâneo, que nunca deve ter sido um anúncio particularmente bem sucedido mesmo na sua época áurea, assim escondido atrás da ponte – um monumento perdido à publicidade do Vinho do Porto, talvez de uma cave esquecida –, mais arriscado, mas também mais falhado, que os letreiros luminosos dos Burmester e Sandeman à direita da ponte.
Uma busca na net parece dar a entender que já existia em 1914, a data deste postal (encontrado aqui):
Mas ainda não neste (encontrado aqui):
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[…] à página do facebook Porto Desaparecido, já sei o que era a grande garrafa de pedra de Vila Nova de Gaia, à qual dediquei um texto há uns anos. A história é um pouco mais estranha […]