
No comboio para Lisboa, um ritual agora tão quotidiano que já sei o local exato onde esperar no cais de Campanhã para que a porta da carruagem certa pare quase à minha frente.
Ainda não há muito tempo mesmo esta curta deslocação era uma perturbação considerável – viajar em si não chega a ser desagradável para mim, antes pelo contrário, mas os rituais de preparação, fazer a mala, esquecer-me inevitavelmente de qualquer coisa, deixam-me quase sempre inquieto. Assim, nos velhos tempos, preferia ir a Lisboa e vir no mesmo dia, o que me dava a sensação de ser uma pedra atirada para cima, perdendo velocidade à medida que me aproximava do ponto mais alto do arco (Lisboa), gozando aí umas horas breves de ausência de peso – a espreitar livrarias ou ver exposições –, para, ao fim do dia, voltar a ser puxado pela gravidade em direcção ao Porto.
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