De todas as coisas passadas no Velho Oeste, as minhas favoritas são – claro – alguns dos filmes de Leone, mas sobretudo uma coisa ainda mais estranha, violenta e absurda, também italiana, chamada Django, onde um soldado arrastava atrás de si um caixão durante quase todo o filme. Ao fim do qual ou se saia morto ou grotescamente estropiado.
Gostei de uma série de televisão chamada Deadwood, que nunca chegou a acabar, mas que era de uma violência quase lírica, em particular a verbal. Tenho-me consolado a ver Justified, um Western contemporâneo com um nome enganadoramente tipográfico, genérico com letras de madeira e uma música a meio caminho entre o Gangster Rap e o Bluegrass. Quando me perguntam como é, eu digo que poderia ser o Walker, o Ranger do Texas escrito pelo argumentista do The Wire – no que toca a criminosos ambíguos mas simpáticos Boyd Crowder está ao nível do Omar. Se não sabem quem são estes, trabalho para casa, no vosso próprio interesse, porque estão a perder qualquer coisa.
Gosto do jogo para Playstation Red Dead Redemption e das suas sequelas, com uma boa história e paisagens inesperadamente atmosféricas.
Mas as minhas coboiadas favoritas são desenhadas, nenhuma melhor que o Tenente Blueberry, de Charlier e Giraud, e nesta longa série que já deve andar pelos cinquenta anos de idade e pela trintena de álbuns, a minha história ainda é a primeira que li, uma fantasmagoria macabra chamada O Espectro das Balas de Ouro, onde se procura um tesouro perdido nas Montanhas da Superstição, cheia de personagens humanas e traiçoeiras mas onde a paisagem monumental é a mais valia, pontuada de formações rochosas extravagantes, dunas movediças ou pueblos assombrados, como um Western entrevisto a meio de um pesadelo. Não digo nada sobre a história excepto “Leiam-na!”
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