Atrás de uma porta grande mas discreta, mesmo a seguir ao Coliseu dos Recreios, fica a Sociedade de Geografia de Lisboa, um daqueles sítios que, visitado aos oito anos de idade, pode muito bem ser o causador de uma vida de aventuras e expedições, de lugares excêntricos e distantes, histórias antigas e meio esquecidas, artefactos e mapas, máscaras africanas e louças das Índias, com formas e funções que se foram perdendo.
Hoje, fomos lá, sem saber que era preciso marcar com avanço a visita, mas o Secretário Perpétuo da Sociedade fez-nos uma visita guiada breve mas fascinante, indicando-nos que aquele globo terrestre ricamente montado tinha ajudado a resolver uma disputa territorial entre o Japão e a Coreia (a favor da última), que aquela máscara africana, um fato cerimonial de corpo inteiro, era inteiramente forrada a penas de abutre, o que dificultava o seu eventual restauro, que aquela louça macaense, com rãs e caranguejos realistas tinha ligações à de Bordalo Pinheiro e outras tantas histórias, cada uma delas suficiente para preencher uma tarde. Demos uma volta lenta, completa, a uma das galerias do Salão e terminámos a experimentar uma excelente aguardente de medronho na sala de convívio apainelada.
Saindo para a rua das Portas de Santo Antão, com o sol de Inverno já escondido atrás das casas, contornando turistas e empregados de restaurante de menu aberto, não é difícil imaginar que por umas horas fizemos parte de uma coisa maior e mais estranha, só nossa – uma aventura, enfim.
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Um “nós” majestático ficaria melhor no São Carlos. 🙂
Era só mesmo um “nós” plural, porque éramos dois.
Muito bom