O design está a ter um papel importante nesta crise, quanto mais não seja pelas constantes referências à grande quantidade de designers que há em Portugal, uma boa parte dos quais desempregados ou a trabalhar em outras coisas, porque não encontram emprego na sua área ou então porque acham o design profissional uma área limitada de mais.
Na última década, muito do discurso político e ético do design foi dirigido ao exterior da profissão. Destinou-se em boa parte a expandir a clientela do design para a área do mecenato e filantropia, encontrando soluções e imagens sexy para a intervenção privada no combate à pobreza, doença, problemas ambientais, climáticos – com a crise, esta intervenção foi secando e o design de intenções sociais perdeu o protagonismo.
Porém, sempre achei que o discurso político do design deveria ser também dirigido a si próprio: não é uma profissão com uma identidade estável e os seus praticantes tendem a assumir uma perspectiva irrealista, bipolar, dos seus méritos, oscilando entre o optimismo extremo (o design vai salvar o mundo !) e o pessimismo deprimido (Somos uma fraude! Ninguém nos liga nenhuma!)
Não ajuda também a formação, que ainda vai ensinando que o designer deve ajudar o cliente a comunicar, mas que é de algum modo vergonhoso que o próprio designer comunique alguma coisa fora dessa relação. Ou seja, que fale sobre si mesmo, para além das exigências simples do trabalho diário.
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A verdade é que o mercado mudou e pela minha experiência a formação (ainda) não. O Marketing por exemplo, é ainda uma palavra desconhecida na maioria das cadeiras dos cursos de design. Durante anos de individualismo artístico, chega a altura (e a necessidade) de união, de modo a obter uma visão mais “realista” do nosso enquadramento.
Um dos remédios para a cura (são vários) passa por uma renovação geral do CPD.
Mas…enquanto a promiscuidade reinar e os discursos na TV entusiasmarem espectadores…. tudo fica mais difícil.