Assim, diz o Diário Económico que a nossa despesa pública está abaixo da média europeia. Dizem também que a dívida é das maiores. Quem ainda se dedica ao neoliberalismo concluirá que estamos no bom caminho mas que é preciso cortar ainda mais. Quem prestar atenção ao que os perigosos comunistas do Fmi andavam a dizer na semana passada percebe que não são boas notícias.
Pelo artigo não se vê que diminuição da despesa e aumento da dívida podem estar ligados, (como lembrou o Fmi): Os países que estão a ter melhor desempenho durante a crise são aqueles que têm mais despesa pública em percentagem do Pib. Porquê? Porque durante uma crise o investimento privado tende a ser cauteloso e a não gastar o seu dinheiro, mesmo que a mão de obra esteja ao preço da chuva, por exemplo. O investimento público permite manter pessoas empregadas, que de outro modo estariam simplesmente paradas. Com o dinheiro que ganham compram mais coisas o que permite a empresas privadas manterem os seus negócios.
Não é uma recuperação a sério? Não é sólida porque é sustentada pelo Estado? Que interessa? Daqui a uns anos talvez se diga que recuperamos (é pouco provável) mas que importa isso para quem esteve desempregado durante mais tempo do que demorou a tirar o curso e o mestrado e o doutoramento, num país de infra-estruturas destruídas, abandonadas? Seremos uma lição de moral que levou anos a ser dada, a custos sociais elevadíssimos e da qual se só se dirá que resultou por inconsciência ou piedade.
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