Escrevo para deixar assinalado que o artigo de ontem, dedicado à escolha de Joana Vasconcelos, foi – inesperadamente para mim – bastante popular, fazendo que o número de visitas passasse as 2700 durante o dia. Só para dar uma ideia, a média diária tem andado à volta de 630, um pouco menos ao fim de semana, e o pico anterior de visitas não tinha chegado às 2000. As partilhas do artigo no Facebook já passaram as 600 800 900. Pelo menos até ontem, o artigo foi o mais popular do WordPress de língua portuguesa e o próprio blogue subiu ao quarto lugar (salvo erro, nunca tinha ido além do oitavo).
Como é evidente, não tomo isto como sinal de concordância com o que escrevi, apenas que o assunto interessa – o que não é muito surpreendente, tendo em conta que se trata de discutir a representação, no fundo a discussão central do Estado democrático: quem são os nossos representantes, nas artes e na política, e qual o processo que leva à sua escolha.
Embora o assunto tenha sido discutido nos jornais (desconheço se houve algum debate na televisão), a intensidade da discussão leva-me a especular que, numa altura em que a cobertura das artes nos jornais e televisão é residual, a sua discussão passou em larga medida para as redes sociais e em particular o Facebook. Como plataforma, é um formato mais público do que um email, mas mais cauteloso que um blog, na medida em que só se acede à discussão por convite, o que tende a circunscrever o seu âmbito. Por isso mesmo, não é muito comum ser-se confrontado com pontos de vista radicalmente diferentes, o que vai radicalizando as posições, por falta de hábito de discussão pública mais alargada.
Isso manifesta-se muito claramente no hábito frequente de se avaliar as opiniões (e a própria arte) pelo pedigree dos seus autores e não pelos seus próprios méritos. Embora se reclame um interesse público para a arquitectura, design, literatura ou arte, ainda é bastante comum acreditar-se que a sua discussão se deveria limitar aos especialistas de cada um dos ramos. Fica a sensação que pouco falta para que se institua uma Ordem dos Artistas, e que é importante ter um público, desde que caladinho. Mais uma vez, cada concepção do Estado vai tendo as artes e os artistas que merece.
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Já existe, julgo mais do que uma “ordem dos artistas”, ou talvez um “culto”.
Assim, protegem-se de atentados. Fazendo os outros de pequeninos.
[…] ao assunto, em Julho do ano passado, quando a escolha de Vasconcelos foi anunciada, houve bastante burburinho. E entretanto continua a não haver uma revista de arte em Portugal. E a crítica em jornais nas […]
Esta, na minha simples opinião, não é a melhor forma de representar a arte em Portugal. É evidente que esta minha opinião é discutível, mas a referida obra, apesar de interessante, mais parece uma simples campanha publicitária de uma qualquer marca de panelas. Mas…..parece que em Portugal tudo funciona assim…….!
Vocieis não percebem nada de artes.
Vou ali á toilet fazer um frufru……..