1. Hoje, com o Expresso, saiu o capítulo dedicado a Salazar da história de Portugal organizada por Rui Ramos. Só não li a parte dedicada ao império colonial, porque não inclui ainda a guerra, que deve sair no próximo fascículo. Posso assim ter uma opinião mais rigorosa da polémica que opõe Manuel Loff e Rui Ramos.
Essencialmente, Loff acusa Ramos de relativizar o Estado Novo, apresentando Salazar como um moderado, e desvalorizando o alcance da sua repressão. Não se trata de negar a existência da ditadura, da censura ou da repressão violenta, apenas de afirmar que foram moderadas. Mas, para algumas pessoas, a expressão “ditadura moderada” será sempre uma contradição – quando deixa uma ditadura de ser moderada? Uma morte, duas, mil, um milhão?
Para Ramos, a moderação de Salazar demonstra-se por comparação com Hitler, Mussolini ou Rolão Preto. Porém, se uma montanha é mais baixa do que outra, não significa que, por comparação seja um vale.
2. Curiosamente, Loff começou a sua série de artigos reconhecendo a importância de Rui Ramos, justificando até por isso a necessidade de lhe opor uma crítica. Do lado de comentadores como José Manuel Fernandes ou de Helena Matos, pelo contrário, Loff nem chega a ser historiador suficiente para falar sobre história. Nem se trata tanto de discutir os seus argumentos como de pôr em causa a simples possibilidade de os exprimir. O mesmo descrédito foi metralhado sobre quem se atrevesse a discordar com Ramos publicamente (como Pedro Rolo Duarte), por exemplo.
Uma história ou uma opinião deve ser julgada em última instância pelos seus próprios méritos. A credibilidade de quem a defende não lhe garante a verdade. O maior especialista pode enganar-se; o mentiroso mais descarado pode estar a dizer a verdade. Ainda assim, é de notar a “moderação” dos defensores deste Salazar moderado.
3. (Update) Relendo os dois pontos anteriores, percebi que se calhar é melhor dizer o que queria dizer de modo mais directo: lendo finalmente a história de Ramos e confrontando-a com o texto de Loff e a resposta de Ramos a este, verifico que:
a) A crítica de Loff é justa. Rui Ramos apresenta realmente uma imagem de Salazar como moderado, relativizando as características mais violentas e repressivas do regime.
b) Rui Ramos não respondeu às críticas que lhe foram feitas por Loff, mas a uma versão exagerada das mesmas, dando uma imagem distorcida do opositor e dos seus pontos de vista.
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A história de portugal .. ha quem a saiba ensinar.
E quem não a consiga . . ups perceber.
Deve ser comum.. pensava que era e sou um .
Este mundo vendeu os seus filhos por eles.
peso a politica, que a leve quem a queira.
e quem nao a quiser ta mal.
peso e politica, que a leve quem a queira.
e quem nao a quiser ta mal.
[…] pode enganar-se; o mentiroso mais descarado pode estar a dizer a verdade.» Mário Moura, em Ressabiator, […]