The Ressabiator

Ícone

Se não podes pô-los a pensar uma vez, podes pô-los a pensar duas vezes

Debates

Do programa, só vi isto, mas gostei de cada uma das intervenções dos organizadores das Manifestações de 15 de Setembro, principalmente por terem insistido muito claramente na questão das consequências humanas e sociais destas políticas, por insistirem na questão da dívida não ser de todo clara, não apenas o processo, as causas e as responsabilidades, mas também a própria definição de dívida, e na ligação da dívida com o processo de ajustamento (que também não é clara: o objectivo do projecto de ajustamento não é “resolver” directamente a dívida, mas mudar a nosso economia de modo a que a dívida se possa “resolver” eventualmente. A admissão do FMI – e a convicção de gente como Paul Krugman – é que fazer estes ajustes durante uma crise destas não só não funciona como piora a dívida).

São assuntos complexos que só se percebem com muita habilidade na apresentação, coisa que não se vê por aqui. Seria útil (e refrescante) ver menos cabeças falantes e mais infografia, por exemplo.

Também é essencial a questão da representação de certos grupos ou iniciativas em programas de debate na televisão pública. Em democracia, todas as discussões acabam por ser sobre representação, na política, nos orçamentos, nos media. Se não há tempo para representar adequadamente toda a gente num só programa, porque não fazer dois? Não deve ser muito mais caro que pagar os direitos de transmissão de um campeonato de Bridge.

Filed under: Crítica, Cultura, Economia, Política, Prontuário da Crise

3 Responses

  1. Nem lá deviam ter ido. A Comunicação Social é uma estrumeira, e nadar na estrumeira só nos torna mais porcos. É deixá-los a falar sozinhos (Na realidade eles já nem estão a falar com ninguém. O português-tipo vê o P&C do mesmo modo que vê o Malato, sem grande objectivo, porque sim). Ir ao P&C, fazer a capa do Correio da Manhã, é estar a jogar este jogo viciado. Para quê, pergunto-me…

    • joão sobral diz:

      tendo em conta que essa estrumeira, usando a metáfora que deste, é aquilo que uma grande parte da população vê e consome, não será mais vantajoso tentar dar-lhe um outro perfume sempre que possível, em vez de nos tentarmos manter eternamente longe com medo de nos sujarmos e continuarmos a falar apenas para o amigo do lado?

      uma posição ou um argumento perdem pertinência e legitimidade se forem divulgados num meio ou noutro?

      • Percebo o que dizes. Mas não consegues. Os media estão perdidos para sempre. Resta-te a net (por enquanto) e novos meios que surjam. E resta-te educar os teus filhos já com esta consciência. E falar com os amigos. E com os vizinhos. Mas nos teus termos. Não nos da Fátima Campos Ferreira (é só um exemplo, nothing personal…) Não há perfume que salve uma pocilga.

Deixe um comentário

Arquivos

Arquivos

Categorias