Ando a ler cada vez mais jornais, política e economia, mas desconfio que devia ler ainda mais sobre estética, estilo e cultura. Afinal, defender a cultura argumentando que é boa para a economia é ceder a uma petição de princípio: se aceitarmos que a economia é tudo, só se pode salvar o que for bom para a economia. Mas, fazendo-o, aceitamos que a economia é tudo. E nessa altura o caldo já está entornado.
Volto assim aos anos 70 e a outras crises para ir buscar ideias, neste caso sobre estilo e sobre subcultura. Sobre certos estilos e certos objectos como apropriações subversivas do quotidiano: uma peça de roupa, um penteado, um pin, um cartaz. De como retirar objectos a uma interpretação dominante, lançando-os violentamente noutras direcções.
Mas para quê recuperar a filosofia de uma época que acabou por se vender a si mesma e aos seus princípios? Que agora é possível comprar à peça no eBay ou visitar num museu? Porque ensinam como retirar objectos a uma interpretação dominante, lançando-os violentamente noutras direcções – até do eBay ou de um museu.
Filed under: Apropriação, Crítica, Cultura, Design, Política, Prontuário da Crise
Comentários Recentes