Depois do cacilheiro apareceu um Toyota da Joana Vasconcelos. Edição limitada a cinco exemplares. Preço só revelado a quem encomenda. Diz Bruno Galante, do departamento de comunicação e marketing da marca: “Estes exemplares podem vir a tornar-se nos mais valiosos que a marca produziu, pelo facto de serem obras de arte.” E qual é o problema?
Se fosse apenas o da artista andar a vender carros, nenhum. Já se faz há muito tempo. Parece que há uns anos a família Picasso processou o Loulou e o Kiki Picasso dos Bazooka para que o nome pudesse ser usado num modelo da Citröen. E já se faz destes modelos limitados desde os Delaunay (pelo menos).
Se fosse apenas o artista andar a fazer design, tirando trabalho aos designers, tenham juízo. Isto não é exactamente design ou sequer publicidade, apenas decoração. Se fosse um designer a fazer o mesmo, seria igualmente decoração. Poderia ser mais ou menos bonita, mais ou menos bem feita, mas sempre decoração. Não faz diferença a formação de quem a faz.
E não me escandaliza que esta artista se venda, porque não espero outra coisa dela.
Escandaliza-me que o P3 trate isto como uma notícia ao mesmo nível dos estágios não-remunerados ou do desemprego jovem ou das asneiras do Ulrich ou da Jonet. Não se pode estar em crise, crise total, e gastar-se tempo de antena com merdas de luxo como se isso fosse uma notícia.
Isto é pura e simplesmente transmissão de valores ideológicos como se fossem uma notícia. Não me chateia que se vendam ou se publicitem carros de luxo, desde que isso seja, assumidamente, publicidade paga e identificada como tal. Agora, uma artista a fazer carros de luxo, isso não é notícia nenhuma. Até porque segundo essas mesmas notícias não há necessidade de noticiar decentemente a cultura em Portugal. E se não a querem noticiar decentemente não a noticiem indecentemente. Façam o vosso trabalho, contratem mais jornalistas, paguem-lhes, e assim talvez as vossas notícias deixem de ser press releases.
Mário,
há muito que o P3 é zero. Não existe qualquer filtro, muito menos jornalístico. Esta “notícia” é apenas mais uma, igual a tantas outras, como por exemplo aquela que tratava do “fantástico”, “empreendedor” e “criativo” projecto de duas arquitectas para abrigos móveis e “sustentáveis”, para os se abrigo de Lisboa.
O P3 não passa de um espaço de copy/paste, metido a pseudo-intelectual criativo destacável de um jornal, também ele já podre… É a Sociedade do Espectáculo do Débord no seu melhor!
“Joana Vasconcelos desenha lasanha de carne de vaca que afinal é de carne de cavalo” – brevemente, num jornal perto de si.
Por instantes pensei que fosse mais um rasgo de gênio da Agatha Prada. Estarei eu inconvenientemente a associar uma pessoa à outra?
Com certeza terão muito em comum, mais não seja terem tanto por onde mostrar e tão pouco para dizer.
mais uma prova de que o protagonismo da joaninha nada tem a ver com arte….
quanto à notícia, não sendo leitor assíduo da P3 confesso tinha a ideia de que a filtragem editorial era mais conscenciosa…
é incrível como tudo o que se relaciona com a joaninha se torna triste…
a primeira comentadora “tirou-me” o comentário da boca
parabéns pela posta e pelo blogue
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