As últimas semanas da crise europeia têm sido de purificação. Na troika, por exemplo, tenta-se deixar pelo caminho quem mostra dúvidas, neste caso o FMI. E repare-se que são apenas dúvidas teóricas e morais; na prática a instituição continua a aplicar as medidas do costume.
Por cá, o Bom Aluno Gaspar saiu deixando uma carta de demissão cheia de dúvidas. Portas aproveitou a aberta para se pôr a mexer mas foi rapidamente disciplinado. Apesar das dúvidas, a sua presença é essencial para manter este governo e estas políticas a carburar.
Neste momento atingiu-se o ponto do “funciona enquanto e porque se diz que funciona”. Tornou-se a austeridade neoliberal numa fé purificada, a bem ou a mal, da dúvida. Num fundamentalismo.
Já nem interessa muito se é fé real ou se é charlatanice imposta a outros. Só interessa que não funciona: economicamente, moralmente, etc. Tornou-se numa religião fanática e destrutiva, sem margem de salvação.
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