Mistura de passatempo com humor negro: tento imaginar que monstros representariam esta crise no cinema se houvesse por aqui essa tradição (ou dinheiro).
Uma nova ideia: alguém que descobre que vai acumulando os hábitos, as identidades e os empregos de gente que perde o emprego, adoece, morre ou emigra. Alguém que a cada dia é obrigado a fazer mais coisas e a ser mais coisas, quer queira quer não, e que para além disso tudo precisa ainda de ir salvando quem pode, porque a cada desaparecimento, a sua vida incha com novas responsabilidades cada vez mais pequenas, comprimidas, cruciais.
Até ele ou ela desaparecerem e o fardo passar para outros, ainda mais inchados, mais terminais, até só sobrar meia dúzia de gente múltipla, sobrecarregada à beira do cuto-circuito.
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