Soube hoje pelo Público da última catanada do Governo ao Ensino Superior público: não só as Finanças põem um limite à quantidade de receitas próprias que as universidades e politécnicos podem captar, entre propinas e apoios europeus a projectos de investigação, como uma parte do dinheiro que conseguirem ganhar vai ficar retido pelo Governo. O objectivo evidente é obrigar a despedir.
Depois de décadas de cortes como incentivo a que as instituições de ensino superior se comportem como empresas, coisa a que as próprias escolas se dedicaram com fervor, desviando recursos de todo o ensino e investigação que não tenha um retorno imediato, a recompensa final são ainda mais cortes, que já só o optimista mais idiota ainda chama “cegos” — porque o objectivo é mutilar, matar se possível.
Talvez agora finalmente se perceba que todo o tempo gasto a transformar as escolas em empresas, a implementar Bolonha, a cuspir investigação como se não houvesse dia de amanhã, a impor cada vez mais avaliação e controle burocrático, todo o tempo gasto a levar a sério a agenda neoliberal para o ensino superior, foi perdido, completamente perdido. Não serviu para nada.
O objectivo era simplesmente a destruição, e portanto qualquer negociação foi pro forma.
O que se devia ter feito? Resistir não apenas com greves mas intelectualmente, através da investigação, através da criação de novas formas de argumentação pública, da recuperação e divulgação de ideias consideradas obsoletas simplesmente porque não favorecem quem nos governa. Tudo isto foi feito, é claro, mas não o suficiente.
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