Lembro-me de uma vez, perante uma derrota eleitoral grandalhona, Paulo Portas ter dito qualquer coisa como: “Nós não ganhamos mas eles não venceram.” Nestas eleições tive a sensação oposta: que nós (a esquerda) vencemos mas eles não perderam.
Longe vão os tempos quando Guterres se demitiu depois das autárquicas. Passos vai mais longe e invoca Cavaco e os anos 80: dá a entender que os maus resultados são um reflexo das políticas “corajosas” – Que se Lixem as Eleições, versão nostalgia, ou PSD: Sempre Que Possível a Alienar o Eleitorado Desde Meados da Década de Oitenta.
Nas suas desculpas, o Governo anda a tentar apagar os últimos quarenta anos de governação, mas só consegue ficar mal por comparação, sobretudo naquela coisa que à direita se chama “honra” e à esquerda se chama “ética”. Em outras ocasiões, já tinha demonstrado que está abaixo de Sócrates. Já baixou abaixo de Santana, que foi demitido por questões que hoje seriam consideradas trivialidades quotidianas por este Governo e este Presidente. Agora, demonstra estar abaixo de Guterres que se demitiu por causa das autárquicas. (Deixo de fora Barroso que fugiu irresponsavelmente para a Europa.)
Estamos a ser governados por baratas, daquelas que mesmo depois de umas vinte vassouradas ainda conseguem desencarquilhar as patas, reencaixar a carapaça e continuar a andar pelo chão em direcção a nós, como se nada fosse, enquanto assobiam com uma vozinha bem colocada que aquela reacção só as estimula a continuar o bom trabalho.
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