Vi o Prós-Contras pela primeira vez em meses. O formato é o mesmo, embora com menos público. O último que tinha visto terminou com o economista Pedro Lains a discutir acesamente com alguém do eixo do governo teorias económicas complicadas de mais para ocasião.
Interrompiam-se mutuamente, e irritou-me perceber que os argumentos mais sofisticados de Lains, apesar de convincentes, no meio do escarcéu saiam a perder para a cassete simplista do governo.
O programa de ontem terminou da mesma maneira com o economista Ricardo Paes Mamede a embater de frente com um membro do governo do CDS-PP (nem me dou ao trabalho de fixar o nome; basta olhar para o penteado). A mesma coisa: argumentos contra uma cassete de subterfúgio verbal constante.
Mas o ambiente mudou. Já não se aceita tão bem a cassete. Já não se respira empreendorismo (não é uma gralha, acho que vou passar a chamar-lhe assim). Já não há banqueiros sabedolas a tentarem passar por filósofos. Já não se diz aos desempregados para irem trabalhar. Já se responde à letra:
Representante do governo no palco, rebatendo acusação de alguém da plateia: “Você está muito enganado!”
Resposta rápida: “Eu sei que estou enganado. Se calhar como milhões de portugueses estão a ser enganados.”
Infelizmente cá fora ainda se ouve gente a dizer que os cortes são por causa do rendimento social de inserção e tretas semelhantes.
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