The Ressabiator

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Se não podes pô-los a pensar uma vez, podes pô-los a pensar duas vezes

O Pior Governo Com a Excepção de Todos os Outros

Nesta semana, alguns comentadores mais ou menos pró-governo, certamente pró-austeridade, voltam a insistir que “não há alternativas” – falo de João Miguel Tavares e de José Manuel Fernandes. Pedro Lains vê nisso um bom sinal, de fim de ciclo. É capaz de ter razão, sobretudo porquê a opinião de JMF aparece no mesmo público onde António Vitorino lembra que o PS é o partido socialista europeu com mais intenções de voto nas sondagens. Eu não sou tão optimista. Leia o resto deste artigo »

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Germs

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Continuando a lista de referências da monumentânea (que inclui a TM, a Eros, mas também os álbuns de banda desenhada da Bertrand dos anos 70), incluo também o design dos discos dos Germs, em particular What We Do Is Secret, que mostra como o estilo suíço e o punk não se excluem mutuamente. Num dos meus ensaios favoritos de sempre, “Graphics Incognito” (dot dot dot 12), Mark Owens demonstrou-o, usando precisamente os Germs como exemplo.

Das poucas pessoas a quem a mostrei, já houve quem dissesse que fazia lembrar um livro da Anita com uma capa do Hans Arp, e eu só acrescentaria (para além da inveja de não me ter lembrado disso antes) que por dentro, graças ao print-on-demand, parece um fanzine ou uma revista dos anos 70.

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À venda

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Recapitulando: a monumentânea não é bem uma revista. Também não é um livro. É uma maneira de publicar textos compridos demais para o blog. Cada número tem um tema que corresponde a um grande ensaio central rodeado de textos e imagens satélite. Este é dedicado à residência que fiz neste Verão na Aldeia da Luz, no Alqueva.

É impressa usando print-on-demand. É a primeira vez que o tento, e confesso que estou bastante satisfeito.

O lançamento é no Sábado, no Museu da Luz, acompanhado de conferência. Para quem a quiser comprar através da internet, fica aqui o link.

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Já chegaram

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Hipermercado

Este fim-de-semana foi o 20º aniversário da famosa carga contra os estudantes. Lendo os posts, artigos, entrevistas e crónicas fico com uma primeira sensação que voltamos atrás no tempo, embora na verdade seja apenas uma continuação. Como lembra Rui Tavares no Público de hoje, o aumento das propinas – na prática, o fim do ensino público gratuito – contribuiu para o crescente endividamento. Só anos depois se percebem as consequências. Gerações endividadas para se qualificarem condenadas a uma sociedade onde ter um emprego vale cada vez menos. Fala-se muito da desvalorização das casas, mas não da desvalorização da formação, que é um investimento comparável – e que tem sido tragicamente maltratado.

O Passismo no fundo não passa do Cavaquismo em tempo de crise. As mesmas soluções que eram aplicadas porque havia dinheiro agora são aplicadas porque não há. Vivemos num Hipercavaquismo.

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O Tempo e o Modo

Diz-se no Público:

“Vamos menos ao cinema, quase não vamos a bibliotecas públicas nem visitamos museus. A espectáculos de teatro, dança ou ópera vamos muito pouco; só a concertos, de vez em quando. Não temos grande interesse em ler um livro, nem costumamos visitar monumentos. Mas vemos e ouvimos muita televisão e rádio.”

Não me admira muito. E não me parece, pelo menos no meu caso, que se deva apenas a falta de dinheiro ou de educação, mas de falta de tempo. Ver televisão e ouvir rádio são daquelas coisas que se pode fazer enquanto se trabalha. Em outro sítio do mesmo Público diz-se:

“A vida das repartições, das autarquias ou das universidades tornou-se um inferno burocrático. Milhares de trabalhadores gastam milhares de horas por ano a verificar procedimentos, a colocar carimbos, a anexar papéis, a pedir orçamentos para alimentar a gula controladora do Estado desconfiado e centralista.

Não, desta vez a culpa não é da troika. Nem sequer de uma cultura política inspirada nos supostos méritos da nomenklatura. Quem cometeu este dano ao Estado foi uma geração que se diz aberta à gestão, às empresas, à concorrência e a todo esse palavreado da moda. Hoje o Estado já não só duvida das pessoas; duvida acima de tudo dele próprio.”

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Exercícios de Tolerância

Sempre que posso tenho feito o seguinte exercício, que é e não é mais difícil do que parece: apoiar activamente uma opinião ou uma causa com a qual não concordo totalmente, apenas o suficiente. Não o faço acriticamente mas não critico para justificar uma rejeição.

Lembro-me de há uns tempos ter assinado a petição para salvar a Cinemateca apesar de não concordar com uma parte importante do que foi reivindicado. Assinei mas qualifiquei a minha posição.

Tenho pensado nisso a propósito do Partido Livre: aplaudo a decisão de formar um novo partido à esquerda porque também já só voto nos outros por um acto cada vez mais penoso de compromisso dos meus princípios. Não sei se votarei no Livre, não acredito num europeísmo que mantenha o euro a funcionar tal como está, mas se os seus argumentos forem convincentes, não o excluo.

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Hoje

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Lançamento às 18h30 no Museu do Chiado. Participei no livro com um ensaio sobre as relações entre Paulo de Cantos e Chris Ware.

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Amanhã

Vou estar no Mude a discutir o Design como Política, a convite da Marta Relats, uma iniciativa que faz parte da exposição The Institute Effect, parte da Trienal de Arquitectura de Lisboa.

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T-Shirts

Ontem, vi pela internet os polícias e as forças de segurança a invadirem a escadaria da Assembleia da República. Hoje, leio no editorial do Público que aquilo não pode ser, que de todas as manifestações com os mesmíssimos motivos, “só as forças policiais, a quem compete fazer respeitar a lei e manter a ordem, fizeram o que aos outros é proibido. Essenciais ao país? Muitas outras profissões o são, também. Só que isso não lhes dá o direito de furar barreiras. À polícia, pelos vistos, dá. A mensagem que fica, não para o Governo mas para o povo, é perigosa: de farda, as leis pesam menos.”

Claro que não lhes dá esse direito. Leia o resto deste artigo »

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Influências: Eros

 

Ontem falei de uma das influências da monumentânea, a TM. Hoje republico um texto antigo sobre outra, a Eros, que me deu vontade de fazer uma revista (ou coisa parecida) de capa dura, um formato mais associado a álbuns de bd e fotográficos e a livros infantis:

Só foram publicados quatro números da revista Eros, entre a Primavera e o Inverno de 1962, altura em que a revista acabou, em grande medida porque o seu editor, Ralph Ginzburg, foi processado por obscenidade e considerado culpado. Não pelo conteúdo “gráfico” da revista, que pelos padrões actuais era bastante mais casta que qualquer revista de supermercado, nem pelo facto de ter tentado enviar a revista através dos correios de terras com nomes como Blue Ball ou Intercourse, na Pennsylvana, decidindo-se finalmente por Middlesex, em New Jersey.

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Da Treta

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Uma das coisas que ensino aos meus alunos em Crítica do Design é que não se debate para convencer o interlocutor a concordar connosco, mas para o convencer que a nossa posição pode ser levada a sério – uma distinção subtil porém crucial.

Daí a perversidade da treta ou bullshit. Segundo Harry Frankfurt, não se trata de uma mentira, mas de algo pior, de falsear as nossas intenções perante o interlocutor. Não se trata necessariamente de o enganar quanto aos factos, de lhe mentir, mas quanto à própria seriedade das nossas afirmações, sejam elas verdadeiras ou falsas. Daí que este seja um governo de treta, pior ainda que um governo mentiroso.

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Tm – Typografische Monatsblatter

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Quando era novito e as coisas – livros, bds, filmes –, demoravam mais a chegar, costumava inventar as minhas próprias versões enquanto esperava. Fazia bandas desenhadas toscas a partir de um só quadradinho ou de uma capa reproduzidos em ponto pequeno na revista Tintin ou Selecções BD. Fazia um filme inteiro a partir de um still. A criatividade era uma maneira de preencher o tempo, porque o tempo era de escassez, e o sítio era periférico. Leia o resto deste artigo »

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O Futuro

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Há quatro anos, encomendei o meu primeiro livro em segunda mão pela internet, uma 3ª edição do livro póstumo de Lazlo Moholy-Nagy, Vision in Motion. Comprei-a na Amazon e chegou-me em Janeiro, atrasada devido ao Natal. Não me custou mais do que um livro de design novo. Desde então, mandei vir muitos mais . Ofereci o Vision in Motion como prenda de anos, trocando-o por uma primeira edição. A internet tornou-se para mim, inesperadamente, numa porta de acesso ao passado. Onde o preço não faça diferença, comecei a preferir a edição mais antiga. Gosto de perceber como os primeiros leitores de um livro o leram.  Leia o resto deste artigo »

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Luz Nova Luz

Luz Nova Luz

Hoje contava estar na Aldeia da Luz a ajudar a montar a exposição. Em vez disso vim ao Porto buscar alguns exemplares da revista que enviei para cá por engano (a encomendar em castelhano confundi o billing address com o delivering address). As gralhas da primeira prova ficaram resolvidas – tanto quanto é possível, claro. Foi a minha primeira experiência com o print-on-demand e fiquei satisfeito. Estava particularmente entusiasmado com este formato capa dura, com uns centímetros a menos e a mais que o A4. Lembra-me os velhos álbuns de banda desenhada da Bertrand. Mais perto do lançamento vai estar disponivel online para venda. Para já ficam estas imagens. Leia o resto deste artigo »

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The Good Wife

Não sei se já viram alguma vez a série The Good Wife. Parece um drama de advogados mas isso é só o pretexto. O seu tema é a política e, lá como cá, o escritório de advogados é um bom sítio para perceber como as coisas se passam, não apenas na política profissional, onde se fazem as leis, mas os modos como elas embatem na vida das pessoas. Todas as séries de advogados são sobre o conflito entre a aplicação da lei e a ética. Esta mostra isso através da encenação de clones de casos mediáticos, versões da Google, de Julian Assange, e a própria Good Wife do título é a mulher de um político apanhado num escândalo sexual. Não há “bons” óbvios nem “maus” óbvios — os aliados podem tornar-se em inimigos e voltar a ser aliados. Leia o resto deste artigo »

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A Grande Depressão

Night Moves

Ando a ver Night Moves(1975), de Arthur Penn, com Gene Hackman e um James Woods e uma Melanie Griffith adolescentes. Ando, porque no computador pode-se ir vendo um filme – uma modalidade que seria quase impossível quando este  foi feito. Faz um bom conjunto com The Long Goodbye, de Altman, ou Chinatown, de Polansky, cada um  com o seu detective privado, profissão escolhida por nostalgia convicta. O código de conduta, tal como o sarcasmo, não o praticam por heroísmo. Apenas como uma maneira de criarem uma bolha anacrónica à sua volta – uma fuga ao presente. Encontrei este filme numa lista de “Best Movies You Never Seen” e merece toda a tristeza de lá estar. O comentário sublinhava que o seu desespero era o da América depois de Nixon, um político amaldiçoado por ter mentido. Pois. E a Inglaterra andava desesperada na altura por o desemprego ter chegado aos 6%. Onde anda o cinema que nos fala do nosso desespero, que temos políticos que nos mentem três vezes ao dia cada um e desemprego três vezes maior? Enquanto espero, vou vendo isto.

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Alternativas Críticas

Já não dou muito valor à recensão de cinema porque é raro ir ao cinema. Vou mais vezes ao iTunes, ao youtube e a sítios mais escusos. Não me interessa que me digam porque devo ir à estreia da semana mas dou cada vez mais valor a quem me arranja uma lista de filmes que não conheço, coisas que saíram da circulação há anos e que nem nas cinematecas aparecem. Dessas, gosto de listas temáticas: cinema punk, cinema mumblecore. Coisas ainda mais exóticas como ficção científica passada cinco minutos no futuro mas há cinquenta ou sessenta anos atrás. A mesma coisa para a literatura, para o jornalismo, para a banda desenhada ou para a arte. Neste último caso, se um museu propõe uma retrospectiva de um grupelho esquecido não me interessa que se ecoe essa importância mas que a crítica responda a isso propondo-me obras paralelas, artigos que possa ler na internet, filmes, documentários, não como complemento mas como ampliação, contraposição ou mesmo negação.

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Competências

Dantes ainda conseguia perceber o encanto de ouvir gente como João César das Neves, Soares dos Santos e afins, considerada bem sucedida porque rica ou conselheira de gente rica. Nunca partilhei o entusiasmo mas percebo o pragmatismo de tentar aprender com o sucesso. Porém, a sua competência é inútil para a sociedade em geral porque não vem de ajudarem uns poucos a ficarem ricos mas de tornarem todos os outros mais pobres.

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Sabem o que mete mesmo medo? Um troll com penteado à CDS-PP

Ontem na Visão publicaram uma entrevista a Fernando Moreira de Sá. Segundo ele próprio, um dos bloggers responsáveis pela ascensão de Passos dentro do PSD e pela vitória na guerra da blogosfera contra Sócrates. Faziam propaganda, intoxicação, etc. através de falsas contas no facebook, de comentários e fóruns. Cumprida a missão, muitos dos seus colegas transitaram para o novo governo – com os resultados que se vê. (Se calhar deviam ter jogado um bocadito de World of Warcraft enquanto se dedicavam à trollice que ficavam melhor preparados para governar.) Leia o resto deste artigo »

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Mário Moura

Mário Moura, blogger, conferencista, crítico.

Autor do livro O Design que o Design Não Vê (Orfeu Negro, 2018). Parte dos seus textos foram recolhidos no livro Design em Tempos de Crise (Braço de Ferro, 2009). A sua tese de doutoramento trata da autoria no design.

Dá aulas na FBAUP (História e Crítica do Design Tipografia, Edição) e pertence ao Centro de Investigação i2ads.

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