Não, a propósito de Bolonha, também não vejo a tentativa de organização total dos tempos de alunos e docentes como positiva. Sempre se disse que a escola deve preparar as pessoas para a vida. Agora a escola propõe-se a fazer isso ocupando a totalidade da vida dos envolvidos. Inventaria-se a totalidade do tempo de estudo, de contacto, de etc. Ou seja, quando alguém se inscreve numa universidade está a contratualizar a totalidade do seu tempo, da sua vida. E ainda se tem a lata de dizer que isto tem a ver com treinar gente para ser autónoma.
Não passa de outra versão do “se – não – estamos – sempre – em – cima – deles…” Controle, para abreviar. Por muito que custe a alguns, o que um aluno ou um professor faz fora da escola é com ele. Senão cai-se naquela treta cada vez mais comum de pôr gente a fazer não importa o quê porque de outro modo estaria a coçar os tomates.
E assim trabalha-se sem outro objectivo que não seja mostrar que se trabalha, num mundo cada vez mais cheio de trabalho cosmético, que mói todos os envolvidos mas não produz nada – daí a avalanche de eventos e iniciativas inconsequentes que se repetem, com os mesmos temas, as mesmas conclusões, as mesmas pessoas. Sem qualquer capacidade de aplicar o que se aprendeu no evento seguinte, porque ninguém tem tempo para reflectir, etc.
Filed under: Crítica
Comentários Recentes