Anda toda a gente indignada mas não o suficiente com o tacho dado ao filho de Durão Barroso. Nepotismo, dizem. Se calhar. A palavra dá a entender o benefício esporádico de alguém da própria família. Pois bem, eu acredito que o nepotismo em Portugal não é esporádico mas a base do próprio sistema político, social, estético, etc. Não estamos numa democracia. Estamos numa nepo-democracia. Já vivemos o nepo-fascismo, o nepo-republicanismo, o nepo-liberalismo, a nepo-monarquia.
Por exemplo, onde mais seria possível um ex-ministro das finanças, primo de um ex-líder partidário de cor contrária, insultar uma ex-ministra, dizendo que o bisavô ex-ministro das finanças dela tomou uma má decisão comparado com outro bisavô também ministro das finanças de outro ex-ministro das finanças?
E não é só na política. Ainda há pouco tempo Leonel Moura recomendava António Costa porque, sendo de uma família das artes saberia falar aos artistas – o que seria uma gafe em países menos nepo-democráticos.
Assim, inventei um drinking game: sempre que encontro um artista da família de alguém bebo um shot. Depois de ir a uma inauguração e ter passado seis dias de ressaca afinei as regras e só bebo o shot quando conheço um artista sem ninguém conhecido na família. Ando sóbrio desde então.
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