Ontem li um artigo na New Yorker onde se descrevia como, em muitos Estados americanos, se tinha chegado à conclusão que é mais barato e eficaz em termos de reabilitação oferecer habitações aos sem-abrigo, do que o sistema actual de tentar reabilitá-los a partir da rua.
Nem sei o que me espanta mais: estar-se a fazer o óbvio e o decente numa das pátrias do neoliberalismo ou que isto esteja a ser feito por razões de economia e não de moral ou mérito. Ou ainda que isto também esteja a ser feito por governos estaduais conservadores.
Por aqui ainda se confundem as duas e atiram-se milhares de milhões à rua em políticas falhadas cuja única justificação é castigar a suposta culpa e maus hábitos do cidadão. Os exemplos são demasiados, desde o Crato que acredita que o ensino superior só ficou melhor depois de ter sido desbastado até quase a última, ou aquela senhora que acha que se devia regular a prática da pobreza, tanto nos hábitos de consumo dos seus “aderentes” – nada de bifes e concertos – como no modo como a exercem.
Tragicamente, desde que as políticas neoliberais austeritárias falharam em toda a linha no plano económico têm sido inteiramente reconstruídas enquanto dogma. Ou melhor: limpas da sua decoração economista, revelam a sua única natureza.
Filed under: Crítica
Comentários Recentes