Discordei de praticamente tudo o que se escreveu ontem no Público sobre o papel do intelectual. Em particular da ideia que o intelectual público morreu (isto dito por meia dúzia deles). Nunca foi uma ideia consensual, em geral é tida como um insulto. Portanto, sempre foi comum os próprios intelectuais recusarem o rótulo – veja-se o cartoon do Almada que ilustra este post.
Depois também desconfio da crítica que é feita ao intelectual que intervém fora da sua área de especialidade. Em democracia, a discussão pública não é nem deve ser uma especialidade. Acreditar que só economistas, banqueiros ou advogados podem opinar ou decidir com conhecimento de causa sobre política é o resultado dessa crença de só deixar falar quem sabe, e vejam onde isso nos trouxe.
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Não nos trouxe a lado nenhum, deixou-nos simplesmente no sítio onde sempre tivemos: um ambiente social altamente hierarquizado onde é preciso ter um certo status para ter voz.
De resto penso que seria útil criar uma distinção entre o que é um intelectual (público ou não) e o que é um mercenário que actua (fala, escreve, grita…) apenas no sentido de justificar as acções dos seus mecenas.