Por causa de uma encomenda, ando a tentar sistematizar a minha posição sobre o que vou designando como “Cena do Porto”, um conjunto de artistas, designers, comissários, críticos e instituições entre (mais ou menos) 2000 e 2007. Por temperamento (que determina a metodologia), prefiro não reduzir as movimentações disto tudo a relações pessoais, amores, zangas, amuos, tramanços, etc. Em grande medida porque, se dão fotonovela instantânea, que garante o interesse de quem gosta disso, não explicam grande coisa. Toda a gente tem motivos pessoais para intervir na esfera pública, mas o que interessa no limite é se essas intervenções são levadas a sério por terceiros. É o modo como se constrói esse discurso público que me interessa. A questão das amizades, das anedotas, das historietas só é importante na medida em que é enunciada em público como parte da obra.
Interessam-me também as coisas públicas que ficam fora da obra mas que a determinam e enquadram: o modo como os artistas, comissários, críticos e instituições se financiam, se organizam, o modo como a mesma pessoa pode circular por cada uma destas identidades. Interessam-me os recursos que permitem que algo se manifeste em público. Por recursos, nem digo apenas o dinheiro mas a disponibilidade de espaços baratos, da necessidade determinada pela lei de produzir eventos em certos moldes, etc.
Nada do que digo aqui é um plano de acção futuro, mas uma tentativa de recortar uma metodologia a partir do que já escrevi no passado sobre este mesmo assunto.
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