
Já agora, mais uma ou duas palavrinhas sobre a exposição que comissariei na Amadora. Foi uma óptima experiência. Queria agradecer sobretudo ao estúdio de design GBNT que foi fantasticamente profissional em tudo o que fez para concretizar a exposição, ao Nelson Dona e a todas as pessoas que, de modo directo ou indirecto, trabalharam nela. Deixo aqui, o texto de introdução:
Não, não se trata aqui de ideias salvas à última da hora do caixote do lixo, mas de coisas que estão lá, à vista de todos, que não fazem bem parte de uma banda desenhada mas a rodeiam e suportam.
Numa revista, por exemplo, as histórias de banda desenhada convivem umas com as outras: um western ao lado de uma aventura no espaço, uma viagem dos descobrimentos ou uma comédia de subúrbios. Entre as histórias há também textos, posters, passatempos, cartas de leitores, artigos. Há a cadência a que as histórias são publicadas e o modo como são recolhidas, arquivadas. Esta é uma exposição sobre o avesso da banda desenhada.
Trata-se de perceber como aquilo que rodeia e enquadra as histórias também as modela, de tal maneira que quando uma banda desenhada se adapta a novos meios e contextos, esses dispositivos de enquadramento são recuperados, nem tanto por nostalgia mas porque já dela fazem parte.
Até se poderia dizer que é sobre o design da banda desenhada, mas não é bem isso. Não chega a ser design porque as regras continuam a ser as da banda desenhada. Embora as duas áreas tenham muita coisa em comum – ambas lidam com a página, a revista e o livro – os ingredientes e os protagonistas são muitas vezes os mesmos, mas são culturas e histórias distintas.
Para os apreciadores do design e os amantes da banda desenhada (muitas vezes uma só pessoa) será uma pequena amostra de toda a riqueza que fica entre estas duas áreas.
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