É comum ouvir isso, a frase que serve de título a este texto. Em geral, são pessoas a dizer que gostam do trabalho dele. Tal como eu, nunca o conheceram- Gostam, como eu, do trabalho dele. Nunca o viram vivo, nem a ele nem ao trabalho. Só o conhecemos como artefacto, como coisa que se partilha no facebook, como referência essencial da história. Mas a história do design quando é feita por designers, tende para a decoração. Tende para ser utilitária da maneira mais preguiçosa, para meter paizinhos num pedestal, ou como catálogo de tendências para inspiração.
Formalmente, o trabalho do Sebastião Rodrigues é de tirar o folêgo. Compro livros dele pela capa. Fico pasmado a olhar para os catálogos que fez para a Gulbenkian. Mas não sei nada sobre ele. Trabalhou para o governo de Marcello Caetano, por exemplo, com uns catálogos anuais lindíssimos, pelo menos aos olhos actuais. Não é trabalho que costume aparecer nas suas bibliografias. Nem sei se estava satisfeito ou não, com isso, com esse trabalho. Às vezes, há objectos que somos nós, o público, que elevamos a alturas inesperadas para os seus próprios criadores.
Era um artista exímio mas dele pouco sobra da parte que me interessa mais, a que tomava decisões éticas, políticas, comerciais. Sem isso, por mais bonita que seja, a sua obra reduz-se ao melhor dos papéis de embrulho.
Filed under: Crítica
Comentários Recentes