Há uns anos estava na moda o consumo ético. Diziam-nos para examinar as etiquetas dos produtos a tentar perceber se eram feitos em sweatshops ou envolviam testes com animais. Não sei quando foi, mas a moda deve ter acabado. Eu devo ser antiquado porque não faço isso só quando vou comprar comida ou peúgas; também o faço sempre que possível quando uso um serviço.
Se me preocupo com a ética de onde me vem a comida e a roupa, também me preocupam as implicações de onde me vem a educação, a saúde e os transportes. Isto porque a propósito da Uber vs Taxistas se diz que a Uber é um serviço melhor, o que significa apenas que é mais barato, os motoristas são mais educados. Ora, lendo regularmente o que se escreve sobre a Uber em outros países, percebe-se que é barato porque ignora ou contorna a regulamentação de serviços semelhantes e atira com todas as responsabilidades para cima dos motoristas, que podem ser erradicados do serviço se tiverem estrelinhas a menos. Daí a boa educação.
A Uber só foi um bom negócio para esses motoristas enquanto tinha o monopólio do contorno da lei. Quando apareceram mais empresas a fazer o mesmo, aí os preços baixaram ao ponto dos motoristas começarem a perder dinheiro. Dirão os partidários da Uber que o cliente fica a ganhar. Como cliente, não quero ficar a ganhar a qualquer custo. Não quero participar da exploração da pessoa que me presta um serviço.
E, em relação aos taxistas, já apanhei taxistas educados, atenciosos, que falavam sobre design, e transportavam na mala latinhas de comida para gatos que deixavam para os animais abandonados comerem. Tento não ser preconceituoso.
Em conclusão, adorava ter mais e melhores transportes públicos. Isso é que era bom.
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