Parabéns aos dois vencedores do Prémio de Crítica e Ensaística de Arte e Artquitectura, Pedro Bandeira e David Santos. Li tanto um como outro com muito gosto e interesse. Não conhecendo os outros concorrentes, acho que o prémio é totalmente merecido.
Quando foi anunciado o concurso, apostei que se iria confirmar a tendência geral da crítica e da escrita sobre arte em Portugal se ter tornado num subproduto da curadoria. Estes livros confirmam-no plenamente. O do Pedro Bandeira é um livro que acompanha uma exposição que comissariou. O do David Santos reflecte e acompanha a sua prática de curador no Museu do Neo-Realismo.
É uma tendência geral que ultrapassa as fronteiras portuguesas mas, ainda assim, em outros lugares a crítica jornalística ou estruturalmente polémica é mais regular, enquanto aqui desapareceu quase completamente tanto no tamanho como no alcance como na própria existência.
Não consigo deixar de ver aqui um indício do mesmo efeito maior que acontece também na política onde os comentadores, que na verdade poderiam ser o equivalente a um crítico (historicamente há muitas continuidades entre o comentário político e a crítica), são também os protagonistas.
O problema tanto num caso como no outro é de acessibilidade ou de democracia- Por exemplo, a crítica académica ou curatorial exigem grandes dispositivos institucionais para a sua produção. No último caso, o pré-requisito é uma exposição, com tudo o que isso implica. Nos velhos tempos, o apelo da crítica panfletária é que um zé ninguém podia responder à exposição real com um pasquinzito impresso por tuta e meia.
Acresce ainda que a crítica e a simples escrita sobre arte vive internacionalmente um momento bastante estimulante, com novos formatos (ficcionais, gráficos, etc).
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