Hoje são treze anos de blogue. Tenho escrito com mais regularidade no facebook do que aqui. Não sei se é uma tendência apenas minha. Plataformas como as redes sociais prestam-se mais ao apontamento rápido. Pode-se facilmente pôr uma reflexão rápida, um esboço de pensamento. Permitem também a escolha do público, amiga-se e desamiga-se, bloqueia-se , o que não é apenas um detalhe mas também um modo crucial de expressão. O maior defeito é o acesso ao passado. Pode-se fazer buscas mas são penosas. Não há grande catalogação. Neste momento, o blogue é para mim um formato sério, quase clássico, por comparação com o facebook ou o twitter, ao qual nunca me habituei.
Do lado do design, o meio mudou quase por completo nestes treze anos. Conferências, exposições e textos sobre design tornaram-se comuns, quase quotidianos. O modo como o design é exercido e pensado mudou também quase por completo, embora como é característico nesta área a mudança radical é, depois de alguma polémica, vista como uma clarificação. Há muitos exemplos disponíveis, mas o melhor talvez seja a maneira como se passou de uma situação em que um designer não podia produzir conteúdos ou criar os seus próprios produtos, sem ser visto como um artista, a outra em que se valoriza o designer como empreendedor e não há estúdio que não tenha o seu projecto próprio, para o qual já nem sequer é necessário fazer de conta que existe um cliente. Agora, parece tudo bastante natural, excepto quando se fala com algum designer da velha guarda, que tem escrúpulos terríveis sobre usar o processo do design em proveito próprio e não para um cliente, por mais fantasmagórico que seja.
O próprio design também mudou. Já deixou de ser aquela coisa que durante décadas estava sempre a um passo de se implantar para passar a ser um património ameaçado ou esquecido que é preciso defender – da utopia ao museu de um momento para o outro. Continua a velha tentação de pensá-lo como uma coisa que (caso lhe dessem ouvidos) mudaria o mundo inteiro, sempre para melhor. Se isto, aquilo ou aqueloutro percebessem o imenso poder do design, o design faria com que isto, aquilo ou aqueloutro tivessem muito mais visibilidade, qualidade, etc. O design sempre foi o comunicador que se, comunicasse eficazmente as usas intenções, conseguiria pôr tudo a comunicar muitíssimo melhor. Mas há sempre qualquer coisa que não deixa.
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