Finalmente, vim espreitar a excelente exposição dedicada ao Lisboa Cidade Triste e Alegre. Foi um prazer. Só lamento realmente ter tido o acesso a praticamente todos os documentos expostos muito antes de a ver. É a desvantagem de ter escrito para o catálogo e de, ao contrário do que costuma suceder, o acompanhamento que foi feito ao meu texto ter sido excelente, fornecendo-me tudo o que precisava e ainda mais. O que ficou por saber foi a narrativa curatorial, uma sucessão que faz tudo o sentido e encontra dispositivos engenhosos para informar o visitante.
Interessante foi também ver ao vivo e todas juntas as diferentes encarnações do livro, desde o fascículo à penúltima reedição.
O meu primeiro contacto com o livro, há muitos anos, foi trepidante. Andei durante uns dias com a cópia de Costa Martins emprestada dentro da mochila. Retenho a textura granulada e o cheiro da impressão, os diferentes pesos dos papéis usados, desde as cartolinas das guardas até ao papel fino do índice que crepitava como um jornal ao folhear. Lembro-me da fita-gomada branca usada para remendar os cadernos que se soltavam, da capa protectora de plástico tornada baça pelo uso. Boas memórias.
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