Os livros do Jan Tschichold, sobretudo os que escreveu, são objectos inacreditáveis. A mancha de texto, a sua relação com a página, a articulação tonal entre as fontes, o uso da cor, o papel – é tudo incrível. Folhear Die Neue Typographie, de 1928, ou o Typografische Gestaltung, de 1935, são como ver um atleta olímpico a nadar, um corredor de Fórmula 1 a conduzir, sobretudo quando se sabe o suficiente para pressentir a impossibilidade do que vemos, o atrito entre aquilo e o que se vai vendo e o que se vai fazendo, o design do dia-a-dia.
Tschichold é um dos designers mais influentes – o que é curioso, porque destrói por completo quem tenta segui-lo. Tudo o que disse e escreveu sobre design é uma espécie de gigantesca armadilha. Deixou centenas de receitas, esquemas, preceitos, mezinhas, dicas e moralidades. Seguidas à risca, não dão em nada. Não há nada que fique sequer perto.
A maneira de apreciar Tschichold é ficar embasbacado com o seu design e tratar a sua escrita como uma coisa boa para pôr os alunos a fazer exercícios. Depressa perceberão que seguindo a receita não se chega a nada de interesse.
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