Li em qualquer lado, talvez num dos muitos artigos que marcaram o seu centenário, que na Bauhaus o estilo não era um objectivo a atingir mas um subproduto, um resíduo, uma escória. Numa peculiar reviravolta, a sobra acabou por secundarizar o produto – da Bauhaus conhecemos mais o estilo de design do que o seu processo. Não admira. É mais fácil conhecer os objectos e os slogans do que todo os manifestos, programas educativos, discussões, polémicas que lhes serviram de base.
De toda a obsessão vintage em que o design se tem tornado – velhas fontes, velhas prensas, velhas edições –, o mais difícil de desenterrar é o design enquanto sistema de pensamento, enquanto disciplina. Exige método, exige teoria, e não apenas senso comum. É fácil saber que tipo de máquinas se usavam para imprimir um álbum em 1940, mas é bastante mais difícil perceber o pensamento de projecto que o orientou (se é que havia algum).
Esta ideia do estilo como algo que polui o design, dando mais valor às formas à custa do conteúdo é algo que herdámos da Bauhaus e da sua época. Todo o designer é treinado para desconfiar da modinha, do formalismo efémero inconsequente. Mas não é só o designer que pensa sobre o design. O historiador, o crítico, o curador, também têm uma palavra a dizer. Se para o designer o estilo pode ser secundário, para estes outros – para os teóricos – é uma informação valiosa. Permite ver padrões que apenas pela análise das intenções dos designers seriam invisíveis.
Para o historiador e para o crítico, é fundamental ir além das intenções do designer. Estas são apenas mais um dado entre muitos outros.
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