Quando se cria é muito raro poder voltar-se ao mesmo lugar. Um escritor, por exemplo, pode citar à vontade quem quiser mas tem de cumprir um pudor de voltar à mesma frase, à mesma ideia, polindo-a, aparando-a. Até pode rever um texto, acrescentar e tirar, mas usar em outro texto a mesma frase, o mesmo parágrafo, isso já se sente como uma espécie de auto-plágio. João Pedro George, por exemplo, tornou-se um especialista em apanhar essas reciclagens. Um escritor deve exprimir-se sempre de novas maneiras. E por vezes tem a angústia terrível de ter desperdiçado uma boa ideia, de nunca mais a poder voltar a usar. Ora, uma das qualidades que aprecio mais no argumentista de BD Warren Ellis é a total falta de vergonha quando se trata de reciclar ideias, frases, situações. Não há nada que tenha usado que não se disponha a usar de novo. E é fantástico. Leia o resto deste artigo »
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