No centro do palco, iluminado por um foco, Scott Mcloud segura uma placa dizendo “Imagens estáticas justapostas em sequência deliberada”. Anteriormente, já tinha proposto outras definições de Bd, que a audiência tinha considerado inadequadas. Esta era apenas a última versão:
— Que tal está agora?
— Então e as palavras? — pergunta alguém na plateia.
— Oh, não tem que conter palavras para ser uma Bd.
— Não, não. Com essa definição também se pode descrever palavras, não é??
— Hã?
— As letras são imagens estáticas, certo? Quando são compostas numa sequência deliberada, umas a seguir às outras, chamamos-lhes “palavras”.
Scott McLoud, Understanding Comics.
Durante muito tempo considerou-se a Bd como uma literatura para iletrados, um cinema dos pobres, e isto não era apenas a versão popular dos acontecimentos, mas igualmente a posição académica que analisava uma banda-desenhada em termos de escalas de planos como se fosse o storyboard de um filme. No seu livro Understanding Comics, Scott McLoud formalizou uma noção que todos os verdadeiros criadores e apreciadores de Bd já conheciam de forma instintiva: a Bd não é uma mera cópia ou adaptação estática e infantilizada de outra coisa qualquer; ela é interessante precisamente por ser uma sucessão de desenhos e de palavras acompanhados por um leque específico de símbolos gráficos (balões, quadradinhos, legendas, etc).
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