Uma lista de leitura (em construção) para crítica de design. Está organizada por módulos temáticos. Alguns títulos são motes de discussão; outros, são maus exemplos; muitos são ferramentas. O desafio é conseguir uma coisa que encaixe em doze aulas e possa ser fisicamente lida de uma ponta à outra durante esse período de tempo.
1. Funções da Crítica do Design
Para que serve a crítica de design? Quem a exerce? Quem a consome? Nesta introdução, tratar-se-á o discurso crítico do design enquanto discussão pública sobre design: um discurso que precede, acompanha e continua a prática projectual. Tratar-se-á o discurso sobre design produzido internamente por designers e externamente por outros interessados. Argumentar-se-á que, se o design tem interesse para além do seu núcleo de praticantes, será necessariamente discutido por mais gente. Argumentar-se-á que a qualidade de uma discussão sobre design residirá antes de mais na qualidade dos argumentos usados. Apresentar-se-á uma definição operativa de crítica enquanto discurso externo e interno sobre design. Enquadrar-se-á tanto o designer como o crítico dentro do conceito Gramsciano de intelectual orgânico. Discutir-se-ão instâncias de anti-intelectualismo estrutural no design.
On Bullshit, Harry G. Frankfurt
On (Design) Bullshit, Michael Bierut
Raging Bull, Rick Poynor
The Prison Notebooks – The Intellectuals, Antonio Gramsci
Representations of the Intellectual, Edward W. Said (excertos)
2. História da Crítica em Geral (Literária, arte, design)
Uma introdução à crítica enquanto disciplina, através de uma história paralela entre a crítica literária e a crítica de arte. Apresentar-se-ão as diferentes funções que a crítica desempenhou, algumas das suas doutrinas e metodologias, bem como os formatos e contextos em que foi produzida. Esta história geral da crítica funcionará como um ponto de partida para estabelecer qual a especificidade de uma crítica do design.
An Introduction to Art Criticism: Histories, Strategies, Voices, Kerr Houston
The Function of Criticism, Terry Eagleton
3. Como se decide a história do design – Cânones
É habitual a crítica de design sustentar os seus argumentos na história da disciplina, deixando essa própria história fora do escrutínio crítico. Nesta secção, far-se-á uma análise crítica da história do design – quais as suas funções? Quem a produz e para quê? Com esse fim, analisar-se-á a discussão em torno da existência ou não de um cânone dentro do design gráfico. Se tal como defendia Martha Scotford “a selecção crítica é o que faz um cânone”, quais os critérios que sustentam essa selecção? Analisar-se-ão os limites e omissões do cânone no que diz respeito geográficos, históricos, técnicos e de género.
Is There a Canon of Graphic Design History, Martha Scotford
Absolutely the “Worst”, Rick Poynor
The Silence of the Swastika: Erika Nooney
4. Política da Forma
A primeira tentação da crítica de design é limitar o seu alcance à avaliação das relações entre a forma e a função de um objecto – a sua adequação mútua, as suas dissonâncias. Contudo a separação entre forma e função é porosa. Nem a função é ausente de uma forma; nem a forma é puro jogo sensível. Cada uma é um artefacto cultural – o mesmo pode ser dito da oposição entre forma e conteúdo, como é evidente. Nesta secção tentar-se-á perceber a forma enquanto política, o estilo como substância, a superfície como identidade. Tentar-se-á averiguar como a própria separação entre forma e conteúdo ou função é ela mesma política. Elencar-se-ão diferentes maneiras como os binómios forma/função ou forma/conteúdo foram interpretados ao longo do tempo com consequências muito distintas. Argumentar-se-á que a forma não é um mero invólucro ou reflexo neutro para um conteúdo ou função políticos. O estilo ou a decoração não são acessórios mas recursos limitados disputados ou impostos. O modo como o design gere a relação forma/função ou forma/conteúdo é político, codificando sustentando diferentes regimes sociais, diferentes hierarquias, etc. Usar-se-á como base o conceito desenvolvido por Jacques Rancière de “partilha do sensível” para enquadrar a política das escolhas formais, bem como a sua separação da função /conteúdo.
The Crystal Goblet, Beatrice Ward
Graphics Incognito, Mark Owens
The Politics of aesthetics (excerto), Jacques Rancière
Art Under Plutocracy, William Morris
Ornamento e Crime, Tipógrafos: Adolf Loos
O Autor como Produtor, Walter Benjamin
“Good Design is Goodwill”, Paul Rand
The Form of The Book – An Essay On The Morality of Good Design, Jan Tschichold
Jean Baudrillard, O Sistema dos Objectos (excerto)
Subcultures, Dick Hebdige (excerto)
5. Política do Design
Sustentando-se nas reflexões sobre a forma da secção anterior, tentar-se-á averiguar o que poderá ser a própria natureza política do design, como este trata a política enquanto tema e como é ele próprio político.
No Logo, Naomi Klein. (excertos)
Art Under Plutocracy, William Morris
A Obra de Arte Na era da Sua Reprodução Técnica, O Autor como Produtor, Walter Benjamin
Ways of Seeing, John Berger
Isto Não é Um Cachimbo, Michel Foucault.
6. Autoria e Design
O Designer Como Autor, Michael Rock.
O Designer como Produtor, Ellen Lupton
O Designer como Empreendedor, Steven Heller
A Morte do Autor, Roland Barthes
O Que é um Autor? Michel Foucault
Platão, Ion (excerto)
7. Geografia, Identidade e Design
Walter Ong, Orality and Literacy (Excerto)
Edward W. Said, Orientalismo; Cultura e Imperialismo (excerto)
Benedict Anderson, Comunidades Imaginadas (excerto)
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