The Ressabiator

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Se não podes pô-los a pensar uma vez, podes pô-los a pensar duas vezes

A Ironia/Treta na Obra de Joana Vasconcelos

Quando o Governo fala de “poupanças” já toda gente sabe que se trata de cortes, despedimentos, etc. Quando fala de “requalificação” é evidente que se está a falar de despedimentos. A “consolidação orçamental” é a nova designação para a “austeridade” – que antes de ter caído em desgraça servia para dar um toque de moralidade a despedimentos em massa, baixa de salários, destruição da função pública e por aí adiante.

A propósito disto, há quem se lembre da novilíngua ou os slogans de Orwell – “War is Peace”, “Freedom is Slavery” – mas parece-me bastante mais eficaz qualificar isto tudo como “treta”. Leia o resto deste artigo »

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A Arte de Picar o Ponto

A ler England’s Dreaming, de Jon Savage sobre o Punk em geral, usando os Sex Pistols como mote; percebe-se o papel da imprensa neste movimento. Havia em Inglaterra na altura uma pequena esquadrilha de jornais e revistas dedicados à música e às chamadas Youth Cultures. Todos os meses (e até semanas) era preciso arranjar recheio para este papel todo. A competição entre os jornalistas era muita. Havia assim interesse em descobrir a próxima novidade, nem que fosse preciso inventá-la. Leia o resto deste artigo »

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Não sei se residentes, mas artistas de certeza

E, para juntar ao dossier, mais uma intervenção do Paulo Mendes, via Facebook:
‘DIAGNÓSTICO e CONTAMINAÇÕES

Depois do problema que aconteceu com o meu trabalho, a bandeira PORTUGUESA MONOCHROME, ainda antes da própria inauguração deste primeiro conjunto de exposições no projecto 1ª Avenida, os episódios pouco dignificantes continuam.

Aquela ocorrência, que mostrou a total incompreensão da criação contemporânea, acabou com justificações legalistas como forma da entidade promotora do projecto justificar o injustificável – desviar as atenções daquilo que foi a razão principal do pedido para retirar aquele trabalho – e essa razão obviamente prende-se com o comentário político que está implícito na leitura do trabalho. Decidi sair da exposição de forma discreta, quanto possível, no final da manhã do dia 26 de Abril. Como já referi anteriormente não enviei nenhuma informação para a comunicação social sobre os factos que tinham ocorrido e não quis alimentar uma discussão pública que embora pudesse colocar questões importantes na relação entre o poder politico e a cultura, poderia colocar em causa a manutenção do programa que José Maia pretendia ali desenvolver. Não o fiz por respeito e para não colocar em causa a posição do director artístico José Maia, meu amigo e cúmplice em muitos projectos ao longo dos anos. A manutenção desta amizade é obviamente mais importante que os arrufos controleiros de meros gestores ou produtores politico/culturais. Nesta perspectiva dei por terminado este incidente e continuei a produzir o meu trabalho.

No entanto as entidades e os responsáveis executivos relacionados com a Porto Lazer que gerem o projecto 1ª Avenida pouco parecem ter aprendido daquele lamentável episódio e persistem num desrespeito pelo criadores, razão principal para a existência daquele espaço. Os mais recentes acontecimentos, explicados na comunicação assinada por um conjunto de criadores que decidiram agora retirar-se e dar por terminada a maior exposição que estava aberta ao público, demonstra a ausência de uma estratégia global para a ocupação e programação daquele espaço.
Neste momento no projecto 1ª Avenida, realmente tudo pode co-existir, desde a ausência de apoio ao nível da produção aos criadores, às intermináveis obras no edifício ou a descidas de rappel na fachada e desde á dois dias podem também partilhar o Edifício Axa com uma sede de campanha política. A Porto Lazer declarou na altura a propósito da exibição pública da minha bandeira ao jornal Público: “não poderia permitir que o Edifício Axa tivesse, durante um mês e meio, apenas um ícone externamente visível de um dos seus muitos conteúdos e, portanto, contaminante da identidade diversa que se pretende construir para o programa imaterial” do 1ª Avenida.” (http://www.publico.pt/cultura/noticia/paulo-mendes-nao-aceitou-proposta-da-camara-do-porto-de-manter-bandeira-no-exterior-do-axa-apenas-uma-semana-1592877#).
Aparentemente esta sede de campanha politica não contamina a identidade dos criadores que ali estão a desenvolver e a mostrar o seu trabalho a custo zero.

Talvez os políticos sejam artistas residentes.

P.M. 9 maio 2013

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A Bandeira Continua

Mais um comunicado relativo ao caso da bandeira no edifício Axa, vindo via André Alves no Facebook, que reproduzo abaixo. Aproveito, antes, para chamar a atenção como as notícias neste caso têm viajado, por conversa, nas redes sociais mais do que nos blogues ou jornais. Mesmo assuntos que interessam minimamente não têm uma cobertura mínima. Leia o resto deste artigo »

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Os Limites do Empreendedorismo

Lembro-me perfeitamente do Prós e Contras onde apareceu o Miguel Gonçalves. Eu falava no Skype e até virei o computador para a televisão só para a pessoa do outro lado poder ouvir também aquilo. Na altura pareceu-me apenas uma versão mais pura e ainda mais estúpida do género de discurso que costumava aparecer na segunda parte do programa, uma espécie de catarse, de transe quase religioso. A plateia a confessar os seus problemas, as suas ânsias, aos quais se ia respondendo com um reafirmar da fé nos dogmas do empreendedorismo. Tipicamente, se um desempregado se queixava, alguém lhe perguntava porque não pedia uma linha de crédito e criava o seu próprio negócio. Leia o resto deste artigo »

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Assembleias

Há uns tempos o José Bártolo escreveu um texto onde incluía eventos como o Old School, as Conversas ou o Jornal Falado da Crítica, no que classificava como Crítica Cool. Eu diria antes que a marca comum destes projectos não é tanto serem um exercício de crítica, mas  algo que não é exactamente teatro, performance, conversa, tertúlia, exposição ou exibição – à falta de melhor, chamar-lhe-ei assembleia. Leia o resto deste artigo »

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Arte em Tempo de Cólera

Só mais uma achega, em resposta directa ou indirecta a comentários, tanto neste blogue como ao vivo. Criticar a escolha da Joana Vasconcelos para artista do regime não significa proibi-la ou censurá-la. Apenas declarar que não devia ser uma prioridade pública – e a angariação de mecenato também é um gasto de tempo e de recursos públicos. A Joana Vasconcelos é perfeitamente livre de fazer o que lhe apetecer. Se alguém decidiu usar o dinheiro dos meus impostos ou a disponibilidade de um cargo público que me representa para promover ou apoiar a sua obra, tenho todo o direito de pôr em causa essa escolha. Leia o resto deste artigo »

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A Arte da Treta

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Não há muito mais para dizer sobre Joana Vasconcelos excepto repetir o óbvio: ela é a escolha perfeita para representar quem nos tem governado. Se ainda houvesse dúvidas da hipocrisia da Austeridade, bastaria olhar para o género de arte que esta gente escolhe para sua representação. Leia o resto deste artigo »

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Política e Cultura

Hoje no Público uma reflexão sobre o aniversário do CCB em três artigos. O mais interessante é o mais geral que defende que “o modelo do Grande Centro Cultural está esgotado”, e agora faz mais sentido a organização em rede de pequenos centros culturais. Segundo o artigo, em Portugal essa articulação não acontece, funcionando cada instituição em isolamento, até dentro da mesma cidade, a Culturgest alheada do CCB, etc. Leia o resto deste artigo »

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Publicidade não endereçada, não obrigado

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Depois do cacilheiro apareceu um Toyota da Joana Vasconcelos. Edição limitada a cinco exemplares. Preço só revelado a quem encomenda. Diz Bruno Galante, do departamento de comunicação e marketing da marca: “Estes exemplares podem vir a tornar-se nos mais valiosos que a marca produziu, pelo facto de serem obras de arte.” E qual é o problema? Leia o resto deste artigo »

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Muito para lá do cacilheiro

Ao longo da discussão do cacilheiro, argumentou-se (Alexandre Pomar, por exemplo, mas também uma ou outra pessoa nos comentários) que nada disto era ainda crítica porque ninguém tinha visto o objecto final.

A minha definição operativa de crítica, não apenas de arte, mas literária, musical ou cultural, é que se trata de uma especialização dentro da área mais geral da opinião – que inclui os comentários sobre política, religião, futebol, etc. Leia o resto deste artigo »

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Ó, a ironia disto tudo…

Quando escrevia sobre o cacilheiro de Veneza, ocorreu-me que alguém ainda diria que aquilo na verdade era uma crítica do poder, das instituições, dos símbolos nacionais, do próprio mundo da arte, etc. – uma ironia que o nosso governo seria demasiado tótó para perceber.

Mas, sinceramente, muito sinceramente (uso aqui o termo com rigor, por oposição a “ironicamente”), estou-me nas tintas para a ironia. Leia o resto deste artigo »

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O Futuro das Artes Está No Porto

Querem saber como vão ser os próximos anos da cultura aqui em Portugal? Olhem para o Porto na última década. É a segunda cidade do país, empobrecida e periférica. Preterida pela televisão e pelos jornais, apontados quase sempre a Lisboa. Teve um momento de abundância com o Porto 2001, uma dinâmica sustentada por uma geração inteira de artistas plásticos locais, que se aguentaram precariamente, consolidados numa cena frágil durante mais meia dúzia de anos, depois da Capital da Cultura acabar e de Rui Rio chegar a presidente da câmara, ironizando que quando ouvia falar de cultura puxava logo do livro de cheques.

No final, esta cena incipiente não se extinguiu propriamente – dissolveu-se. Leia o resto deste artigo »

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Crise de Identidade

Resumindo o que já escrevi em outros textos: as artes, incluindo o design ou a arquitectura, não têm ferramentas para enfrentar esta crise. Porquê? Porque são, neste momento estruturas de serviços onde anomalias como a precariedade, o estágio e o resto se tornaram banais e até identitárias. Leia o resto deste artigo »

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Independente/Institucional

No que diz respeito à cultura, não consigo ver uma oposição absoluta, ou sequer ligeira, entre independente e institucional. Habitualmente a distinção é usada para descrever diferenças de escala, mas também de formalidade, de hierarquia. À maneira de Foucault, vejo tanto o museu e a bienal como o pequeno espaço e o fanzine enquanto instituições. Cada um com as suas hierarquias, os seus discursos, que não são estanques. Pessoas, ideias, tiques e modas circulam entre os dois, assumindo configurações distintas com consequências diferentes. Basta ver como designações como “curador” fazem este circuito, transbordando até para outros discursos institucionais como o da “edição”, por exemplo. Pode-se descrever estas circulações, quando são mais intensas, como modas, principalmente quando se fala delas com um cansaço que ainda não as consegue rejeitar mas que também não as explica.

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Arte e Sociedade

António Pinto Ribeiro ontem no Ípsilon dedica um artigo a dizer o óbvio: que um artista não é necessariamente contestatário ou de esquerda. Isso é só e evidentemente um preconceito: como ele próprio inventaria, há artistas de todas as sensibilidades que fazem arte de intervenção, que não a fazem mas intervêm politicamente enquanto cidadãos, que são conservadores, de direita, etc. Leia o resto deste artigo »

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Julião Sarmento

Ver a exposição de Julião Sarmento em Serralves foi levemente perturbador para mim, logo desde a primeira sala e do primeiro vídeo, uma mulher a tirar os sapatos enquanto lia um texto que não consegui decifrar. Num relance percebe-se que é uma espécie de strip tease, que ao longo do texto ela vai ficar nua e, sabendo isso, percebe-se que é um cliché, em todos os sentidos possíveis, principalmente aqueles que irritam as minhas amigas feministas (que não suportam a obra de Julião Sarmento).

Dei a volta às salas, e de vez em quando apareciam umas mulheres de cera ou resina, sem cabeça, cobertas por combinações pretas. Uma delas dobrada sobre uma mesa de madeira clara, de pernas abertas como num vídeo do Taveira. Leia o resto deste artigo »

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Pro Bono, ou melhor: Pró Boneco

Esta semana mais uma notícia típica. Pagaram-se 120 000 euros a Peter Greenaway para realizar uma curta metragem 3D para o Guimarães 2012; fez-se um casting; escolheram-se actores, que acabaram por descobrir que trabalhariam à borla; o pouco dinheiro disponível ia ser usado para pagar o filme; terem uma obra de Greenaway no currículo seria pagamento suficiente; alguns recusaram. Leia o resto deste artigo »

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Crítica de Arte ou Crítica da Gestão da Arte?

Quando comecei a escrever o texto de ontem sobre curadoria, a minha intenção era usá-lo como ponto de partida para uma reflexão sobre a crítica de arte – a gripe, da qual ainda sinto os efeitos, não mo permitiu.

Recapitulando, eu argumentava que a “viragem curatorial”, não apenas da arte contemporânea mas da cultura em geral, seria uma monumentalização do “gestor enquanto autor”.

Concluía, especulando que uma crítica prática a uma “arte da gestão” teria de encontrar modelos colaborativos, não-hierárquicos de apresentar a experiência estética – o que não é particularmente difícil: há bastantes modelos históricos ou contemporâneos disponíveis deste género de práticas. O maior problema reside no simples facto de quase todas as instituições culturais serem incentivadas a organizarem-se de um modo hierárquico e empresarial – e não adianta expor objectos em contextos que os desautorizam.

Outro problema, menor, reside no facto de muita da crítica de arte com mais divulgação aqui em Portugal não o permitir – falo da crítica publicada em jornais, porque neste momento (tanto quanto sei) não há mais publicações periódicas sobre arte. Leia o resto deste artigo »

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Sem título

Até agora ainda não encontrei uma explicação satisfatória para a chamada “viragem curatorial” das artes, tirando a evidência de ser uma moda total, absoluta: o termo aparece um pouco por todo o lado. Coisas que dantes eram organizadas, produzidas ou editadas são agora curadas ou comissariadas. Há até quem diga, famosamente, que o comissariado é a nova crítica. Leia o resto deste artigo »

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Mário Moura

Mário Moura, blogger, conferencista, crítico.

Autor do livro O Design que o Design Não Vê (Orfeu Negro, 2018). Parte dos seus textos foram recolhidos no livro Design em Tempos de Crise (Braço de Ferro, 2009). A sua tese de doutoramento trata da autoria no design.

Dá aulas na FBAUP (História e Crítica do Design Tipografia, Edição) e pertence ao Centro de Investigação i2ads.

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