The Ressabiator

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Se não podes pô-los a pensar uma vez, podes pô-los a pensar duas vezes

Influências: Eros

 

Ontem falei de uma das influências da monumentânea, a TM. Hoje republico um texto antigo sobre outra, a Eros, que me deu vontade de fazer uma revista (ou coisa parecida) de capa dura, um formato mais associado a álbuns de bd e fotográficos e a livros infantis:

Só foram publicados quatro números da revista Eros, entre a Primavera e o Inverno de 1962, altura em que a revista acabou, em grande medida porque o seu editor, Ralph Ginzburg, foi processado por obscenidade e considerado culpado. Não pelo conteúdo “gráfico” da revista, que pelos padrões actuais era bastante mais casta que qualquer revista de supermercado, nem pelo facto de ter tentado enviar a revista através dos correios de terras com nomes como Blue Ball ou Intercourse, na Pennsylvana, decidindo-se finalmente por Middlesex, em New Jersey.

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Blogger

Outro dia, quando me perguntaram como queria assinar um dos meus textos num livro, respondi o costume, crítico de design, mas pela primeira vez senti que não era bem isso. Daqui para a frente vou responder “blogger”. Nunca me envergonhei de escrever num blogue, antes pelo contrário, mas até agora via isso como um suporte de escrita e divulgação, não como uma identidade. A certa altura isso mudou. Agora, considero-me principalmente um blogger. Leia o resto deste artigo »

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Os Limites do Empreendedorismo

Lembro-me perfeitamente do Prós e Contras onde apareceu o Miguel Gonçalves. Eu falava no Skype e até virei o computador para a televisão só para a pessoa do outro lado poder ouvir também aquilo. Na altura pareceu-me apenas uma versão mais pura e ainda mais estúpida do género de discurso que costumava aparecer na segunda parte do programa, uma espécie de catarse, de transe quase religioso. A plateia a confessar os seus problemas, as suas ânsias, aos quais se ia respondendo com um reafirmar da fé nos dogmas do empreendedorismo. Tipicamente, se um desempregado se queixava, alguém lhe perguntava porque não pedia uma linha de crédito e criava o seu próprio negócio. Leia o resto deste artigo »

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Assembleias

Há uns tempos o José Bártolo escreveu um texto onde incluía eventos como o Old School, as Conversas ou o Jornal Falado da Crítica, no que classificava como Crítica Cool. Eu diria antes que a marca comum destes projectos não é tanto serem um exercício de crítica, mas  algo que não é exactamente teatro, performance, conversa, tertúlia, exposição ou exibição – à falta de melhor, chamar-lhe-ei assembleia. Leia o resto deste artigo »

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Política e Cultura

Hoje no Público uma reflexão sobre o aniversário do CCB em três artigos. O mais interessante é o mais geral que defende que “o modelo do Grande Centro Cultural está esgotado”, e agora faz mais sentido a organização em rede de pequenos centros culturais. Segundo o artigo, em Portugal essa articulação não acontece, funcionando cada instituição em isolamento, até dentro da mesma cidade, a Culturgest alheada do CCB, etc. Leia o resto deste artigo »

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Casa de Ferreiro

Na era pós-Bolonha, fala-se muito do design como área científica e o que significa realmente isso? Na prática significa que a administração de uma instituição dedicada ao ensino de design (artes) se torna igual à das ciências exactas. A ciência é aqui um sinónimo de avaliação de desempenho, de progressão de carreira, papers, etc. Resumindo numa palavra: burocracia.

Se não, vejamos. Leia o resto deste artigo »

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Os Outros 66 Cêntimos

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Os leitores mais atentos terão reparado no estranho preço que paguei pelo livro que serviu de mote ao texto de ontem: 33 cêntimos. A explicação é simples: comprei-o numa promoção de “leve 10 por 1 euro” e só trouxe 3. Os outros dois foram estes magníficos Albatross, os primeiros que apanhei ao vivo. Para quem não saiba a sua história, parecem imitações da Penguin quando na verdade é o oposto. A editora Alemã de livros de bolso de língua Inglesa (que não podiam ser vendidos dentro do Império Britânico como se avisa a capa) inventou muitas das características que seriam aproveitadas mais tarde pelos seus rivais ingleses: o formato em proporção Áurea; as capas com uma cor indicando o género; e o próprio logo do Pinguim começou por ser uma versão tosca, quase sem asas, do elegante Albatroz. O designer é Hans Mandersteig, um clássico quase esquecido. Leia o resto deste artigo »

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Publicidade não endereçada, não obrigado

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Depois do cacilheiro apareceu um Toyota da Joana Vasconcelos. Edição limitada a cinco exemplares. Preço só revelado a quem encomenda. Diz Bruno Galante, do departamento de comunicação e marketing da marca: “Estes exemplares podem vir a tornar-se nos mais valiosos que a marca produziu, pelo facto de serem obras de arte.” E qual é o problema? Leia o resto deste artigo »

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Muito para lá do cacilheiro

Ao longo da discussão do cacilheiro, argumentou-se (Alexandre Pomar, por exemplo, mas também uma ou outra pessoa nos comentários) que nada disto era ainda crítica porque ninguém tinha visto o objecto final.

A minha definição operativa de crítica, não apenas de arte, mas literária, musical ou cultural, é que se trata de uma especialização dentro da área mais geral da opinião – que inclui os comentários sobre política, religião, futebol, etc. Leia o resto deste artigo »

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O Futuro das Artes

Há umas semanas, dizia eu que para se perceber o futuro das artes em Portugal era uma boa ideia olhar para a cena do Porto durante a última década, uma economia cultural abandonada – pelos financiamentos, pelos media, pelas grandes instituições – e que encontrou uma identidade e uma saída a produzir dentro do contexto da viagem low-cost, que lhe traz um público de turistas internacionais, mas permite também a circulação de objectos e artistas. Neste contexto, percebe-se bem como a música, a comida, a roupa e a ilustração, formatos portáteis por excelência, ganham protagonismo. O melhor exemplo será talvez o livro de ilustração: pequeno, cabe numa mochila, agrada a crianças mas também a adultos, incluindo aqueles que não falam bem a língua.

Pois bem, podemos confiar no nosso governo para f***r tudo, com particular perigo para o que esteja a funcionar bem: a venda da ANA arrisca-se a dar cabo desta cena toda muito rapidamente.

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Realidade Aumentada

Ontem terminou Fringe. A última temporada não foi excelente, mas conseguiu encerrar a história com muito mais dignidade do que Lost, por exemplo. Em homenagem, partilhei no facebook a primeira coisa que escrevi sobre a série, sobre o seu design, em particular o modo como as suas legendas pairavam como grandes objectos entre as árvores ou as casas, reflectidas nas janelas, um efeito cuja estranheza se foi dissolvendo com o tempo. Nem me lembro se o usavam nos últimos episódios. Leia o resto deste artigo »

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Será que é possível reindustrializar o design gráfico?

Há muitos, muitos anos, praticamente desde que a disciplina se institucionalizou em Portugal, um dos maiores e mais consensuais objectivos do design gráfico tem sido estabelecer uma ligação com a indústria. Esse era um dos propósitos do falecido CPD. E já perdi a conta a todas as ocasiões oficiais em que ouvi a ideia ser solenemente repetida, todos os papers, artigos e teses onde a li. A aproximação do design à indústria lembra o que se diz de todos os filmes do 007 desde, pelo menos,1983:[1] que nunca se tinha apresentado um Bond tão frágil e humano. Três décadas depois, o agente secreto já tinha obrigação de ser mais humano que a maioria das pessoas. Quatro décadas depois, o design gráfico português já tinha obrigação de ter a sua ligação à indústria. Leia o resto deste artigo »

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É Simples

cocteau

Esta semana houve muita gente que lamentou com pesar uma sociedade como a nossa, capaz de dividir a atenção entre coisas tão importantes como o relatório do FMI, e assuntos menores, trivialidades, como a mala da Pepa e o cão Zico. Como pode uma civilização descer tão baixo? Ou, como murmuram gravemente alguns, em especial os que esperam em filas: as pessoas…ai…as pessoas…

Há várias explicações, todas simples. Nenhuma envolve qualquer descida, antes passos ao lado. Leia o resto deste artigo »

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O Mercado da Culpa

Uma falha de mercado ocorre quando o ganho de um agente acontece à custa de perdas para a sociedade em geral. Neste momento, a União Europeia já não é um mercado comum, mas um conjunto de falhas de mercado sustentando-se umas às outras às custas de uma grande parte da sua população.

É habitual invocarem-se as origens da crise, nem tanto com o propósito de perceber o que correu mal, mas para repisar bem quem tem as culpas e quem deve pagar a factura. Aqui em Portugal, a culpa política foi atribuída ao Governo Sócrates e a económica à classe média, tanto um como outro gastando mais do que tinham. Do lado da Europa, Durão Barroso faz sempre questão de frisar que não foi a União Europeia que criou a crise. Etc.

Tornou-se habitual cada um dos putativos culpados (toda a gente já foi acusada de alguma coisa), antes de fazer alguma intervenção pública começar por assumir ou deflectir algum tipo de culpa: “não fui bem eu” ou então “foi ele”, dependendo do grau de responsabilidade. Leia o resto deste artigo »

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Outras ruas para ocupar

Quanto ao vídeo da Samsung, o tal da blogger de moda cujo desejo para 2013 seria comprar uma mala Channel, e que tem andado a gerar um coro de assobios na internet, não vejo nada de particularmente reprovável no que a rapariga disse. Terminou o mestrado, arranjou um emprego, tem menos tempo e o desejo “consumista” dela para 2013 seria “poupar dinheiro” para comprar uma mala Chanel.

Talvez soasse melhor se dissesse que andava a angariar dinheiro para uma campanha de combate à fome. Mas se ela acrescentasse que achava mal que uma família fizesse sacrifícios (poupasse) para ir a um concerto rock (ou comprar um filme, ler um livro ou comprar uma mala), muita gente (talvez a mesma) a criticaria também. Leia o resto deste artigo »

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Teoria Política Tosca Mas Fiável

O Cidadão Português Médio só assume uma posição política quando quer foder a vida de outro Português ou Grupo de Portugueses. Não é grande novidade, claro, mas explica tudo. Mesmo tudo. Podia ser o axioma base para uma Grande Teoria Unificada da Decisão Política em Portugal. Explica como toma decisões o político profissional, como vota o militante, como se decide o indeciso e como não vota o abstémio ou até simplesmente o baldas. Leia o resto deste artigo »

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Modesta Proposta

Há certas artes que não mereciam qualquer apoio, sobretudo vindo do Estado. Tirando uns poucos beneficiários ao topo, criam à sua volta uma esfera absurda de injustiça, de trabalhadores pouco ou nada pagos, de um serviço mal feito e condescendente, barato. Uma sensação que, para além de serem  más, em qualidade e em ética, também monumentalizam uma chico-esperteza fundamental, ostentando com orgulho o facto de serem feitas à custa de outras pessoas, do seu sacrifício. Leia o resto deste artigo »

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Reflexões à Margem de Foucault

Ando a reler o Nascimento da Biopolítica de Michel Foucault (1979), por onde já tinha passado por causa de Toni Negri e Michael Hardt, que usavam o conceito em Império (2000), para falar de precariedade e oposição a um capitalismo total. Voltei a ele por causa de António Guerreiro.

Neste momento, em plena crise, parece-me um livro inteiramente novo, quase como se nunca o tivesse lido antes. Em parte porque conheço melhor a obra e a metodologia de Foucault (onde baseei a minha tese de doutoramento), em parte porque também ando a ler Karl Polanyi, A Grande Transformação (1944), que já tinha coberto o mesmo assunto décadas antes, no fundo uma história crítica do Liberalismo, desde o século XVIII até meados do século XX. Leia o resto deste artigo »

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Só vim aqui para dizer que afinal não venho

Uma proposta para 2013, dirigida aos cronistas dos jornais portugueses: escrevam sobre assuntos que interessem – não a mim, claro, mas a vocês próprios. Já não tenho paciência para gente que ocupa espaço num jornal, na televisão (onde quer que seja), a dizer que só se dá ao trabalho de comentar certo assunto porque ele não interessa ao próprio comentador. E, como não lhe interessa, não deveria interessar também a mais ninguém. Leia o resto deste artigo »

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Vais daqui, vais de carrinho

Ainda sou do tempo em que “ir ao Passos” significava sair à noite no Porto, ir beber um copo ao Passos Manuel, antigo cinema reconvertido em bar/cinema/sala de concertos/etc., aninhado numa das dobras modernistas do Coliseu do Porto. Abria às dez, mas só se sabia se aquilo ia animar entre a uma e a uma e meia. Se animava, durava até às quatro; nos dias especiais até às seis. A seguir ainda se podia tentar um dos sítios mais tardios, que só fechavam quando a manhã seguinte já ia a meio. Não era um horário invulgar. Já era assim quando, antes do Passos, havia o Aniki e o Meia Cave, antes da noite do Porto se deslocar da Ribeira para o eixo Poveiros-Aliados-Rua de Ceuta-e-suas-perpendiculares. Leia o resto deste artigo »

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Mário Moura

Mário Moura, blogger, conferencista, crítico.

Autor do livro O Design que o Design Não Vê (Orfeu Negro, 2018). Parte dos seus textos foram recolhidos no livro Design em Tempos de Crise (Braço de Ferro, 2009). A sua tese de doutoramento trata da autoria no design.

Dá aulas na FBAUP (História e Crítica do Design Tipografia, Edição) e pertence ao Centro de Investigação i2ads.

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