The Ressabiator

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Se não podes pô-los a pensar uma vez, podes pô-los a pensar duas vezes

Só vim aqui para dizer que afinal não venho

Uma proposta para 2013, dirigida aos cronistas dos jornais portugueses: escrevam sobre assuntos que interessem – não a mim, claro, mas a vocês próprios. Já não tenho paciência para gente que ocupa espaço num jornal, na televisão (onde quer que seja), a dizer que só se dá ao trabalho de comentar certo assunto porque ele não interessa ao próprio comentador. E, como não lhe interessa, não deveria interessar também a mais ninguém. Leia o resto deste artigo »

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Vais daqui, vais de carrinho

Ainda sou do tempo em que “ir ao Passos” significava sair à noite no Porto, ir beber um copo ao Passos Manuel, antigo cinema reconvertido em bar/cinema/sala de concertos/etc., aninhado numa das dobras modernistas do Coliseu do Porto. Abria às dez, mas só se sabia se aquilo ia animar entre a uma e a uma e meia. Se animava, durava até às quatro; nos dias especiais até às seis. A seguir ainda se podia tentar um dos sítios mais tardios, que só fechavam quando a manhã seguinte já ia a meio. Não era um horário invulgar. Já era assim quando, antes do Passos, havia o Aniki e o Meia Cave, antes da noite do Porto se deslocar da Ribeira para o eixo Poveiros-Aliados-Rua de Ceuta-e-suas-perpendiculares. Leia o resto deste artigo »

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(Inversões)

(Almoçava hoje no CCB enquanto, invisível no andar de baixo, um quarteto afinava os seus instrumentos, provocando-me imediatamente um ataque de pieguice. Mais que a música é o acto de afinar que me indica a presença quente de música ao vivo e não de uma gravação.)

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Pré Punk

Não sou grande conhecedor de música. Ouço o que me entusiasma em boa parte por associação – a filmes, a vídeos, a design, a roupas. Já tinha visto muita coisa sobre o Pós Punk. Não sabia nada sobre o Pré Punk. Descobri este vídeo enquanto pesquisava sobre Rock para um texto e fiquei encadeado. A banda tocava como se estivesse a assaltar uma ourivesaria. O guitarrista tinha uma presença em palco como eu nunca vi: obsessiva ao ponto da verocidade; para a frente e para trás, de olhos em frente, sempre o mesmo percurso, uma máquina. O vocalista parecia um gangster dos anos setenta que por alguma razão descobriu que cantar serenatas era mais ameaçador do que, simplesmente, ameaçar. São os Dr Feelgood (calão para um médico disposto a vender drogas) e faziam parte do que veio a ser chamado Pub Rock, que antecedeu por muito pouco a vaga do Punk inglês. Fica aqui o que Jon Savage disse sobre eles em England’s Dreaming:

They weren’t just something to drink your beer by, but were downright threatening: Lee Brilleaux and Wilko Johnson, the groups front pair, looked like villains you might see on The Sweeney.

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Sem título

Até agora ainda não encontrei uma explicação satisfatória para a chamada “viragem curatorial” das artes, tirando a evidência de ser uma moda total, absoluta: o termo aparece um pouco por todo o lado. Coisas que dantes eram organizadas, produzidas ou editadas são agora curadas ou comissariadas. Há até quem diga, famosamente, que o comissariado é a nova crítica. Leia o resto deste artigo »

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Palimpsesto

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Por Vila Real ainda é possível encontrar grafittis como este, a mandar Sá Carneiro para a rua, o voto para Salgado Zenha, etc. Por alguma razão, ninguém se deu ao trabalho de os tapar, com tinta ou com tags. Ganham uma certa dignidade com o tempo, como um fresco romano, um solar em ruínas ou uma velha árvore. Passei por eles durante anos, a caminho da escola, sem os olhar realmente. Agora, ganham outro sentido, outra actualidade. Mostram que o que hoje é história, já foi discutido, contestado e incerto.

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This American Life (update)

Enquanto corro, gosto de ouvir podcasts, e em particular o brilhante, brilhante This American Life. Dura entre 45 minutos e uma hora (perfeito para uma corrida). É dividido em actos, que podem contar a mesma história ou tratar três ou quatro histórias diferentes, sob o mesmo tema, em geral algo enviesado mas que se acaba por revelar fascinante. É costume reportagens alternarem com leituras de histórias de ficção, gravações de comédia stand up ou até peças de música. É um programa da Chicago Public Radio e mostra como o serviço público pode ser inteligente, cativante e inesperado. Leia o resto deste artigo »

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Quem vê caras…

Muito má cobertura no Expresso sobre a nova directora de Serralves (cliquem na imagem para ampliar). Na parte dedicada aos bitaites, ao mexerico e aos restaurantes, mas mesmo para isso seria preciso um pouco mais de cuidado. Por exemplo, porque se gasta meia página numa montagem da fotografia da cara da senhora, photoshopada para parecer uma projecção vídeo de uma composição de Warhol? Porque é fácil? Leia o resto deste artigo »

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Coisas no Kindle

Sou suspeito porque leio tudo o que o homem posta; li o seu livro “The Conscience of a Liberal” (entre outras coisas, boas razões para não privatizar a saúde) e ainda um dos seus manuais de economia, mas gostei mesmo muito de “End This Depression”, de Paul Krugman.

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Grandes Sorrisos

A conta deu cerca de 18 euros e por reflexo agarro no cartão para pagar. O caixa informa-me que a política da casa a partir de dia 1 de Setembro é só aceitar pagamentos por multibanco acima de 20 euros.

Já sabia e já tinha levantado dinheiro, só para o caso. E, já agora, podia-me passar uma factura? Não é que precise, mas já que me fazem perder tempo, é uma maneira de também vos fazer perder algum. E espero que também vos obrigue a pagar um pouco mais de impostos, seja onde for.

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Motivos e Autoridades

Já não tenho grande pachorra para escrever muito mais sobre o caso Loff-Ramos. Nem me apetece repetir ou sequer recapitular a refrega. Tenho as minhas ideias sobre quem se portou melhor e quem acabou por ser aclamado vencedor (um e outro não são, na minha opinião, a mesma pessoa).

Se volto ao assunto, é apenas para deixar registado que só uma ínfima parte da discussão se centrou no que estava a ser argumentado por cada um dos envolvidos. O que acabou por ser discutido foram, antes e acima de tudo, os motivos que os levaram a intervir (se tinham uma agenda de esquerda ou de direita), e a sua legitimidade para falar ou para ser ouvidos (se tinham ou não autoridade para isso) – nada de muito diferente das discussões que correm por aí, pelos jornais ou pela blogosfera.

Serve o presente texto para argumentar que centrar uma discussão nos motivos ou na autoridade de quem debate é (na grande grande maioria dos casos; não todos) uma perda de tempo. Quando muito serve para marcar o momento preciso em que um debate descamba.
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Não exactamente de férias

Apesar das aulas terem terminado, as férias ainda não há maneira de começarem. A avaliar papers, a escrever artigos e a tentar ler alguma coisa que não tenha nada a ver com isto, ficção ou banda desenhada por exemplo. Não conseguir decidir-me a ler com empenho um dos calhamaços do David Foster Wallace. Acabar a ler um Disney Especial dos anos 70 e o Cloud Atlas só porque vi o trailer (e nem sequer gostei). Pelo meio, pagar contas e impostos. Ler os jornais. Ignorar os Jogos Olímpicos. Ter reuniões a meio de Agosto porque até os alunos e orientandos só têm tempo para trabalhar nas férias. Saber que há um administrador que acumula cargos em 73 empresas e só me lembrar que já achei irrealista o Wolverine ter sido membro de mais de trinta grupos diferentes de super-heróis (incluindo timelines alternativas). Preciso mesmo de férias.

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Chris Marker 2021-2012

Numa das primeiras vezes que vi La Jetée, foi numa cópia pirata, em CD, o que já data de algum modo a ocasião. Já não uso CDs, nem sequer para música.

Vejo, leio e ouço quase tudo no meu computador. Já só vou ao cinema  quando estou disposto a ver não apenas o filme, mas também a própria sala de cinema, as silhuetas dos outros espectadores, o ruído que fazem mesmo quando se esforçam para estar em silêncio.

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Mal Entendido?

Pelos vistos, a exposição de Joana Vasconcelos em Versalhes custou 2,5 milhões de euros, divididos entre mecenas privados e apoios públicos, o artigo no Expresso não permite avaliar quem paga quanto, mas garante que o Turismo Portugal pagou pelo menos 150 mil euros. A quantia é quase um quarto da totalidade do que foi pago em apoios pontuais às artes em 2010 (800 mil). Em todo o caso, a totalidade do que se gastou na exposição é mais de três vezes isso.

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A Aldeia Nacional

Desde o “apagão” que a minha fonte de notícias são os jornais, consumidos de preferência no iPad. Só vejo telejornais nos ecrãs do ginásio ou no café, quase sempre sem som. Prefiro ler as notícias a ouvi-las ou vê-las. Menos histeria e mais reflexão, mais contexto, ou seja: mais informação. Quando venho a casa dos meus pais, a dose de Tv Cabo só me confirma a preferência.
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Todas as Manifestações são Ridículas

Professor Marcelo: “Eu disse que iam ser manifestações ridículas e foram manifestações ridículas. Esse tipo de manifestação – com o devido respeito pelos manifestantes que têm todo o direito em democracia de se manifestarem – já aconteceram [no passado] em casos pontuais, específicos. As pessoas independentemente de não gostarem do Governo ou dos ministros não vão fazer manifestações daquelas [que] são votadas ao insucesso”.

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Abundância em Tempo de Crise

Ainda não estou de férias. As aulas terminaram e as avaliações também. Faltam ainda relatórios, mas já é possível dedicar mais atenção a outras coisas.

Neste momento, termino alguns projectos de longo curso, dos quais ainda não posso falar, o que significa passar boa parte do dia a escrever, aproveitando o balanço que sobra para actualizar o blog.

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Relvas a Ministro, já!

Lamento, mas não vou à manifestação pela demissão de Relvas.

Não porque acredite que Relvas tenha qualquer condição para cumprir o seu cargo com dignidade, mas precisamente porque não tem. É que o Ministro não foi reduzido a uma anedota: foi aumentado a uma anedota. Rivaliza neste momento com o Bocage e o Evaristo no panteão nacional do riso. Deviam propô-lo já, preventivamente, a património imaterial da Unesco, antes que alguém dê cabo dele.

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Cisma

Há uma coisa que eu não suporto, que me faz ranger os dentes e perder a paciência bastantes vezes, que é mostrar um livro ou uma revista a alguém, que à minha frente, mecanicamente e sem pensar muito no assunto, lhe destrói a encadernação, abrindo as páginas até à cola (ou mesmo as costuras) estalarem. Por vezes pousam o livro ou a revista numa mesa e vincam a a abertura com a base do punho como se estivessem a passar a ferro. Mesmo uma boa encadernação não recupera disto. Se o livro é brochado, o mais provável é quebrar pela lombada e ficar com páginas soltas.

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Desironizar

Nos últimos dias, foi ocupada uma pequena biblioteca pública abandonada no jardim do Marquês no Porto. Tanto quanto se pode perceber, o processo é o mesmo usado na Escola da Fontinha: um edifício público devoluto é ocupado pacificamente, não apenas por pessoas mas por actividades próximas às  projectadas originalmente para aquele local. Aulas, actividades recreativas, espaços de leitura, tudo pontuado por assembleias populares.

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Mário Moura

Mário Moura, blogger, conferencista, crítico.

Autor do livro O Design que o Design Não Vê (Orfeu Negro, 2018). Parte dos seus textos foram recolhidos no livro Design em Tempos de Crise (Braço de Ferro, 2009). A sua tese de doutoramento trata da autoria no design.

Dá aulas na FBAUP (História e Crítica do Design Tipografia, Edição) e pertence ao Centro de Investigação i2ads.

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