The Ressabiator

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Se não podes pô-los a pensar uma vez, podes pô-los a pensar duas vezes

Os Limites do Empreendedorismo

Lembro-me perfeitamente do Prós e Contras onde apareceu o Miguel Gonçalves. Eu falava no Skype e até virei o computador para a televisão só para a pessoa do outro lado poder ouvir também aquilo. Na altura pareceu-me apenas uma versão mais pura e ainda mais estúpida do género de discurso que costumava aparecer na segunda parte do programa, uma espécie de catarse, de transe quase religioso. A plateia a confessar os seus problemas, as suas ânsias, aos quais se ia respondendo com um reafirmar da fé nos dogmas do empreendedorismo. Tipicamente, se um desempregado se queixava, alguém lhe perguntava porque não pedia uma linha de crédito e criava o seu próprio negócio. Leia o resto deste artigo »

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Assembleias

Há uns tempos o José Bártolo escreveu um texto onde incluía eventos como o Old School, as Conversas ou o Jornal Falado da Crítica, no que classificava como Crítica Cool. Eu diria antes que a marca comum destes projectos não é tanto serem um exercício de crítica, mas  algo que não é exactamente teatro, performance, conversa, tertúlia, exposição ou exibição – à falta de melhor, chamar-lhe-ei assembleia. Leia o resto deste artigo »

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Política e Cultura

Hoje no Público uma reflexão sobre o aniversário do CCB em três artigos. O mais interessante é o mais geral que defende que “o modelo do Grande Centro Cultural está esgotado”, e agora faz mais sentido a organização em rede de pequenos centros culturais. Segundo o artigo, em Portugal essa articulação não acontece, funcionando cada instituição em isolamento, até dentro da mesma cidade, a Culturgest alheada do CCB, etc. Leia o resto deste artigo »

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Casa de Ferreiro

Na era pós-Bolonha, fala-se muito do design como área científica e o que significa realmente isso? Na prática significa que a administração de uma instituição dedicada ao ensino de design (artes) se torna igual à das ciências exactas. A ciência é aqui um sinónimo de avaliação de desempenho, de progressão de carreira, papers, etc. Resumindo numa palavra: burocracia.

Se não, vejamos. Leia o resto deste artigo »

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Será que é possível reindustrializar o design gráfico?

Há muitos, muitos anos, praticamente desde que a disciplina se institucionalizou em Portugal, um dos maiores e mais consensuais objectivos do design gráfico tem sido estabelecer uma ligação com a indústria. Esse era um dos propósitos do falecido CPD. E já perdi a conta a todas as ocasiões oficiais em que ouvi a ideia ser solenemente repetida, todos os papers, artigos e teses onde a li. A aproximação do design à indústria lembra o que se diz de todos os filmes do 007 desde, pelo menos,1983:[1] que nunca se tinha apresentado um Bond tão frágil e humano. Três décadas depois, o agente secreto já tinha obrigação de ser mais humano que a maioria das pessoas. Quatro décadas depois, o design gráfico português já tinha obrigação de ter a sua ligação à indústria. Leia o resto deste artigo »

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O Mercado da Culpa

Uma falha de mercado ocorre quando o ganho de um agente acontece à custa de perdas para a sociedade em geral. Neste momento, a União Europeia já não é um mercado comum, mas um conjunto de falhas de mercado sustentando-se umas às outras às custas de uma grande parte da sua população.

É habitual invocarem-se as origens da crise, nem tanto com o propósito de perceber o que correu mal, mas para repisar bem quem tem as culpas e quem deve pagar a factura. Aqui em Portugal, a culpa política foi atribuída ao Governo Sócrates e a económica à classe média, tanto um como outro gastando mais do que tinham. Do lado da Europa, Durão Barroso faz sempre questão de frisar que não foi a União Europeia que criou a crise. Etc.

Tornou-se habitual cada um dos putativos culpados (toda a gente já foi acusada de alguma coisa), antes de fazer alguma intervenção pública começar por assumir ou deflectir algum tipo de culpa: “não fui bem eu” ou então “foi ele”, dependendo do grau de responsabilidade. Leia o resto deste artigo »

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Teoria Política Tosca Mas Fiável

O Cidadão Português Médio só assume uma posição política quando quer foder a vida de outro Português ou Grupo de Portugueses. Não é grande novidade, claro, mas explica tudo. Mesmo tudo. Podia ser o axioma base para uma Grande Teoria Unificada da Decisão Política em Portugal. Explica como toma decisões o político profissional, como vota o militante, como se decide o indeciso e como não vota o abstémio ou até simplesmente o baldas. Leia o resto deste artigo »

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Modesta Proposta

Há certas artes que não mereciam qualquer apoio, sobretudo vindo do Estado. Tirando uns poucos beneficiários ao topo, criam à sua volta uma esfera absurda de injustiça, de trabalhadores pouco ou nada pagos, de um serviço mal feito e condescendente, barato. Uma sensação que, para além de serem  más, em qualidade e em ética, também monumentalizam uma chico-esperteza fundamental, ostentando com orgulho o facto de serem feitas à custa de outras pessoas, do seu sacrifício. Leia o resto deste artigo »

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Reflexões à Margem de Foucault

Ando a reler o Nascimento da Biopolítica de Michel Foucault (1979), por onde já tinha passado por causa de Toni Negri e Michael Hardt, que usavam o conceito em Império (2000), para falar de precariedade e oposição a um capitalismo total. Voltei a ele por causa de António Guerreiro.

Neste momento, em plena crise, parece-me um livro inteiramente novo, quase como se nunca o tivesse lido antes. Em parte porque conheço melhor a obra e a metodologia de Foucault (onde baseei a minha tese de doutoramento), em parte porque também ando a ler Karl Polanyi, A Grande Transformação (1944), que já tinha coberto o mesmo assunto décadas antes, no fundo uma história crítica do Liberalismo, desde o século XVIII até meados do século XX. Leia o resto deste artigo »

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Vais daqui, vais de carrinho

Ainda sou do tempo em que “ir ao Passos” significava sair à noite no Porto, ir beber um copo ao Passos Manuel, antigo cinema reconvertido em bar/cinema/sala de concertos/etc., aninhado numa das dobras modernistas do Coliseu do Porto. Abria às dez, mas só se sabia se aquilo ia animar entre a uma e a uma e meia. Se animava, durava até às quatro; nos dias especiais até às seis. A seguir ainda se podia tentar um dos sítios mais tardios, que só fechavam quando a manhã seguinte já ia a meio. Não era um horário invulgar. Já era assim quando, antes do Passos, havia o Aniki e o Meia Cave, antes da noite do Porto se deslocar da Ribeira para o eixo Poveiros-Aliados-Rua de Ceuta-e-suas-perpendiculares. Leia o resto deste artigo »

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O Futuro das Artes Está No Porto

Querem saber como vão ser os próximos anos da cultura aqui em Portugal? Olhem para o Porto na última década. É a segunda cidade do país, empobrecida e periférica. Preterida pela televisão e pelos jornais, apontados quase sempre a Lisboa. Teve um momento de abundância com o Porto 2001, uma dinâmica sustentada por uma geração inteira de artistas plásticos locais, que se aguentaram precariamente, consolidados numa cena frágil durante mais meia dúzia de anos, depois da Capital da Cultura acabar e de Rui Rio chegar a presidente da câmara, ironizando que quando ouvia falar de cultura puxava logo do livro de cheques.

No final, esta cena incipiente não se extinguiu propriamente – dissolveu-se. Leia o resto deste artigo »

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Calotes & Regabofes

Tal como a sua evolução, a discussão da crise tem sido previsível ao ponto do tédio. Por exemplo, esta semana o economista Pedro Lains argumentou a necessidade de reestruturar a dívida. No Blasfémias, João Miranda respondeu, acusando-o de seguir a “a estratégia do caloteiro”. Lains respondeu explicando resumidamente os prós e os contras práticos e morais de não pagar uma dívida. Miranda responde, desta vez mais civilizadamente, acrescentando que, caso se escolha esse caminho, a reestruturação não será fácil. Lains encerrou do seu lado a discussão, dizendo que o “mais importante será talvez apenas notar que, em economia, a verdade nunca está encostada a lado nenhum. Por outras palavras, reestruturações nem são calotes, nem milagres de Fátima.” – uma conclusão que deveria ser óbvia mas precisa de ser lembrada e talvez até generalizando: não há soluções fáceis para a crise. Toda a gente vai sofrer com ela. A questão mais importante é como esse sofrimento vai ser repartido. Leia o resto deste artigo »

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Manchetes

Dizia-se que vão acabar com o Inimigo Público (para ser franco nunca o li regularmente), mas seria talvez melhor acabarem com o próprio Público, ficando apenas o suplemento de humor. Melhor ainda seria dissolverem um no outro, ficava um jornal sério, mas incisivo e emocional. Um pouco como era o Independente. Que belas manchetes não fariam para a nossa actualidade. Até as consigo ver, em grandes letras retintas: “TAPalhada” ou “BuroCRATO”. Onde andam jornalistas criativos e sem medo como Paulo Portas quando mais precisamos deles? Leia o resto deste artigo »

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O Melhor Design do Ano

Dentro do design, não foi um ano onde consiga isolar um evento, um livro, um estilo ou uma exposição. Houve muita coisa e muita coisa boa mas no conjunto soube-me a pouco. Foi um ano que me pareceu vazio. Intermédio. Os estilos da última década, cansados: o chamado estilo holandês ou werkplaats no design gráfico (impressão em RISO, lombada cosida à vista, etc.); tudo o que seja hipster ou aquela coisa quase punk do pós-hipster (do sapatinho oxford até à Doc Martens). Não sei o que possa ser o estilo que se segue: algo mais agressivo, impaciente, espero. Leia o resto deste artigo »

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A Máquina de Fazer Crescer Relva

Já foi há uns meses, talvez mais de um ano, não tenho como saber. Acabava de entrar no Alfa Pendular em Campanhã. O comboio vinha de Braga, já com alguns poucos passageiros. Ocupei o meu lugar na carruagem 3, mesmo junto á porta do bar, de costas para a marcha. Abri o meu computador, tirei alguns livros da mochila. Uns lugares à minha frente, num daqueles grupos de assentos rodeando uma mesinha, reparei numa cara familiar, a dormir profundamente, boca escancarada e pregas de bochecha contra o vidro.

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Vão-se os Anéis Ficam os Medos

Tenho a assinatura electrónica do Público. Costumava ler as notícias num pdf, publicado por volta das seis da manhã, mal acordava, antes de tomar o café. Às vezes, a meio da noite, quando não conseguia dormir, ia lá espreitar.

Mais ou menos por altura do despedimento dos jornalistas o pdf começou a aparecer pouco depois da Meia Noite, nunca mais de vinte minutos. Sempre que o leio, penso nisso: se será coincidência, se não. Imagino jornalistas a trabalharem mais depressa, por medo. Leia o resto deste artigo »

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Crise de Identidade

Resumindo o que já escrevi em outros textos: as artes, incluindo o design ou a arquitectura, não têm ferramentas para enfrentar esta crise. Porquê? Porque são, neste momento estruturas de serviços onde anomalias como a precariedade, o estágio e o resto se tornaram banais e até identitárias. Leia o resto deste artigo »

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Escolhas

Desde o fim da adolescência que meço mais ou menos 1 metro e 72. Peso neste momento à volta de 65 kilos; já cheguei aos 73 (na altura do Natal). Enquanto estudava na universidade cheguei a pesar 52 kilos. Não se tratava de dieta mas de uma obsessão com livros. Entre uma refeição ou um livro mais tentador, escolhia quase sempre o livro. Na verdade não era incomum passar uns dois ou três dias literalmente a pão e água por causa de um livro ou de uma ida ao cinema. Leia o resto deste artigo »

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“Ninguém Compreende o Neoliberalismo”

Às vezes, quando estou mais cansado, tento perceber as pessoas que acreditavam neste Governo e entretanto se desiludiram. Não falo dos que só queriam ver-se livres de Sócrates e votarão pela mesma razão contra Passos, mas dos que realmente acreditam numa agenda neoliberal (o que interessa é a iniciativa individual; o Estado que melhor governa é o que governa menos; que sai do caminho da iniciativa privada; o mercado, se for deixado em paz, garante a harmonia da sociedade bem melhor que o Estado; na prática, para o neoliberal o mercado acaba por ser uma ocorrência natural da democracia, embora poluída pelos interesses de políticos e medrosos que preferem a segurança imediata e egoísta à possibilidade de uma sociedade mais justa e dinâmica.)

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Caridade e Design

Houve uma altura mágica, entre 1999 e 2008, onde se falava muito de ética e política no design. Começou mais ou menos com o First Things First 2000 e terminou com a Crise. Não foi coincidência. O design ético e político só vingou enquanto havia dinheiro para investir em caridade. Para atrair donativos e mecenas, certas causas começaram a comportar-se mais como empresas com logótipos, powerpoints, inovação e empreendedorismo – daí os designers,que ajudavam as diferentes caridades a competir entre si. Leia o resto deste artigo »

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Mário Moura

Mário Moura, blogger, conferencista, crítico.

Autor do livro O Design que o Design Não Vê (Orfeu Negro, 2018). Parte dos seus textos foram recolhidos no livro Design em Tempos de Crise (Braço de Ferro, 2009). A sua tese de doutoramento trata da autoria no design.

Dá aulas na FBAUP (História e Crítica do Design Tipografia, Edição) e pertence ao Centro de Investigação i2ads.

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