The Ressabiator

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Se não podes pô-los a pensar uma vez, podes pô-los a pensar duas vezes

Influências: Eros

 

Ontem falei de uma das influências da monumentânea, a TM. Hoje republico um texto antigo sobre outra, a Eros, que me deu vontade de fazer uma revista (ou coisa parecida) de capa dura, um formato mais associado a álbuns de bd e fotográficos e a livros infantis:

Só foram publicados quatro números da revista Eros, entre a Primavera e o Inverno de 1962, altura em que a revista acabou, em grande medida porque o seu editor, Ralph Ginzburg, foi processado por obscenidade e considerado culpado. Não pelo conteúdo “gráfico” da revista, que pelos padrões actuais era bastante mais casta que qualquer revista de supermercado, nem pelo facto de ter tentado enviar a revista através dos correios de terras com nomes como Blue Ball ou Intercourse, na Pennsylvana, decidindo-se finalmente por Middlesex, em New Jersey.

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Os Outros 66 Cêntimos

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Os leitores mais atentos terão reparado no estranho preço que paguei pelo livro que serviu de mote ao texto de ontem: 33 cêntimos. A explicação é simples: comprei-o numa promoção de “leve 10 por 1 euro” e só trouxe 3. Os outros dois foram estes magníficos Albatross, os primeiros que apanhei ao vivo. Para quem não saiba a sua história, parecem imitações da Penguin quando na verdade é o oposto. A editora Alemã de livros de bolso de língua Inglesa (que não podiam ser vendidos dentro do Império Britânico como se avisa a capa) inventou muitas das características que seriam aproveitadas mais tarde pelos seus rivais ingleses: o formato em proporção Áurea; as capas com uma cor indicando o género; e o próprio logo do Pinguim começou por ser uma versão tosca, quase sem asas, do elegante Albatroz. O designer é Hans Mandersteig, um clássico quase esquecido. Leia o resto deste artigo »

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A leitura como pedagogia do design

Há uns anos li, salvo erro na New Yorker, um perfil biográfico do designer de tipos Mathew Carter, onde ele se espantava com a quantidade crescente de pessoas que encontrava, fora do design, que reconheciam o seu trabalho ou simplesmente sabiam o que era uma fonte. Carter atribuía isso ao facto de cada vez mais gente fazer o seu trabalho ao computador, escolhendo fontes nos menus de programas como o Word ou o Excel.

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Penrose Annual 1938

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Apanhei finalmente o famoso anuário desenhado por Tschichold em 1938, com textos de Beatrice Warde e Allen Lane, e trabalho de Herbert Matter, Herbert Bayer e Moholy-Nagy, entre muitos outros. Ainda vem com a sobrecapa, que pela fragilidade e carácter informativo, se percebe só servia para proteger e publicitar o livro até que o leitor se decidisse a levá-lo para casa, descartando pelo caminho este utilitário e humilde pedaço de papel, bem diferente das exóticas versões actuais – como defendia o próprio Tschichold.
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Genética e Tipografia

Hoje dediquei-me a ler um tratado Vitoriano sobre legibilidade tipográfica com quase 130 anos. Frágil e encadernado a pergaminho, já falava sobre Daltonismo, das suas consequências na segurança ferroviária e como atenuá-las. De como se poderia melhorar a leitura através do tom do papel, da largura da coluna, da forma das letras e da distância entre linhas. Das experiências que Charles Babbage realizou para averiguar quais os algarismos mais legíveis para usar na impressora do seu computador mecânico. De como se acreditava na altura que havia diferenças genéticas entre analfabetos e as classes educadas que afectavam a robustez da sua visão:

“The descendant of many generations of manual labourers is called upon, by the system of education at present nearly universal, for a comparatively far more violent and sustained visual effort than the child of what may be called the literary class, upon whose capacity the standard of attainments is regulated.”

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Are We To Read Sdrawkcab?, 1884

Chegou-me hoje pelo correio, um livrito minúsculo, mas que me pode ajudar a decidir um mistério antigo.

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Manual do Typographo, Joaquim dos Anjos, 1886

Chegou-me hoje e só tive tempo para o ir debicando: um pequeno livro de sessenta e quatro páginas de texto denso e poucas ilustrações, presas não com um agrafe mas cosidas com cordel. Tal como o livro de Libânio da Silva faz parte de uma colecção que se assume como biblioteca, dedicada à instrução do povo – educação ao serviço da indústria.

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A Praga às Pintas

Nunca comprei As Farpas, uma coisa vergonhosa para quem se dedica a estas coisas da crítica e sobretudo dos blogues. Mas ainda há vergonhas maiores: na minha última tentativa, ainda o folheei na Fnac mas, no último instante, dei com alguns destaques do texto corrido a cinza. Pode não parecer muito, mas foi o que bastou.

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Eros, Verão de 1962

Só foram publicados quatro números da revista Eros, entre a Primavera e o Inverno de 1962, altura em que a revista acabou, em grande medida porque o seu editor, Ralph Ginzburg, foi processado por obscenidade e considerado culpado. Não pelo conteúdo “gráfico” da revista, que pelos padrões actuais era bastante mais casta que qualquer revista de supermercado, nem pelo facto de ter tentado enviar a revista através dos correios de terras com nomes como Blue Ball ou Intercourse, na Pennsylvana, decidindo-se finalmente por Middlesex, em New Jersey.

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Minimalismo roxo

Uma bela edição do Comunidade de Luiz Pacheco, um panfleto agrafado de catorze folhas de papel grosso dobradas ao meio. A capa parece quase iluminista, de composição centrada com o título numa Bodoni bem espaçada, mas o interior choca um pouco, ao aparecer numa não-serifada, impressa tal como a capa numa tinta violeta mas notando-se mais talvez por a fonte ser mais grossa, ou simplesmente porque há mais texto. É um arranjo ao mesmo tempo austero, minimal, de margens vazias, quase pobres, mas que o detalhe da cor torna inesperadamente excêntrico – uma boa ilustração do próprio conto que poderia ser descrito do mesmo modo.

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Lembrando os pioneiros

Ando a reler o Pioneers of Modern Typography, pela primeira vez na sua belíssima primeira edição de 1969. Na imagem é possível apreciar o contraste vibrante entre as cores primárias da sobrecapa, do tecido amarelo da encadernação e do papel vermelho das guardas.

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Injustificado

Sobre o possível papel do design numa crise –  ou mais exactamente numa hora de desespero económico, político e moral –, há um texto ao qual tenho regressado uma e outra vez, Unjustified Text and the Zero Hour, de Robin Kinross. Um aviso: não parece ser imediatamente útil; não apresenta nada que se pareça sequer com uma solução; nada de motores do desenvolvimento ou de valorização de exportações, nada de chavões, apenas uma estranha e vibrante melancolia.

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Lendo Libânio

Como antídoto à grande quantidade de trabalhos que ainda não acabei de avaliar (faltam só três!), tenho andado a ler o Manual do Typographo escrito por Libânio da Silva em 1908 e editado como parte da Biblioteca de Instrução Profissional pela Aillaud & Bertrand. É um livro muito gabado em outros manuais de tipografia portugueses e já mais do que um designer me mostrou orgulhosamente a sua cópia quando visitava o seu atelier. Naturalmente, queria verificar se suportava toda esta referência e, neste momento, posso dizer que sim.

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Dicionário Técnico (1942)

 

Mais outro do Paulo de Cantos, o “Dicionário Técnico – CHAVE de tudo em tudo: Termos -técnicos, Património HUMANO, Essências da Técnica, Quem tem cabeça traz tudo o que é bom consigo” [etc.], composto e impresso em 1942 na Póvoa de Varzim, sem dúvida o mais bonito que já apanhei dele, com uma capa azul com relevo a lembrar o caixilho de uma porta com dois cartões metalizados a servirem de base aos títulos.

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“Design in Business Printing”

Dentro do design, há quem veja a tipografia como um livro de leis ou, pelo contrário, como um código ético. No primeiro caso, usam-se à risca os preceitos, invocando Bringhurst ou Tschichold para tomar decisões como se fossem alíneas no Diário da República. No segundo caso, cada decisão é pesada e adaptada a cada momento, tornado-se numa responsabilidade pessoal de quem a toma, mesmo quando é apoiada nas decisões de terceiros.

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“Printers and Designers”, Herbert Spencer

Tenho coleccionado sempre que posso os livros que Herbert Spencer desenhou, escreveu ou editou durante a sua longa carreira, e tenho a certeza que, dada a quantidade, vai ser uma colecção que nunca hei-de completar. São publicações bonitas, com um “toque” bastante distinto do actual, que vivem do próprio peso e textura das páginas e do modo como a tinta é ainda uma coisa palpável e não apenas o vestígio de um arranjo de pixeis num ecrã. Esse cuidado é perfeitamente visível em qualquer número da Typographica ou na primeira edição dos Pioneers of Modern Typography, e não reproduz bem – precisa de ser sentido para ser realmente compreendido.

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Notícias! Notícias!

A duas décadas de distância, o Independente envelheceu melhor que o Público.* Na semana passada tive oportunidade de o comprovar quando consegui dois primeiros números completos de cada um dos jornais.

O Independente em 1988, com projecto gráfico de Jorge Colombo, ainda era uma coisa dos anos oitenta, cheia de tiques New Wave, impressa totalmente a preto e branco, enquanto o Público (Henrique Cayatte, 1990) já era, tecnicamente, outra coisa, com uma primeira página a cores e uma impressão muito mais delicada, permitindo suportar o texto composto numa Bodoni fina.

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A Métrica do Metro

(via)

No design gráfico, há trabalhos com mais prestígio que outros. Folheando um livro de história, encontram-se mais facilmente revistas, posters e capas de livros do que bilhetes de transportes ou menus de restaurante.[1] Mesmo entre os formatos populares, alguns destacam-se mais – o design associado ao Metro, em particular o de Londres, é talvez dos exemplos mais canónicos, sendo bastante difícil fazer um sistema de identidade gráfica para um transporte público urbano que não o referencie de alguma maneira.

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E no início era o logo…

“Type is one of the most eloquent means of expression in every epoch of style. Next to architecture, it gives the most characteristic portrait of a period and the most severe testimony of a nation’s intellectual status.”

Peter Behrens

(citação e imagem via)

Pode parecer estranho um designer dizer isto, mas a obsessão com a identidade corporativa cansa-me um pouco.

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Papá, de onde vêm os designers?

Há uns textos atrás, lembrei (mais uma vez) que o designer não é um descendente directo do tipógrafo mas, usando uma analogia biológica, uma espécie concorrente que veio ocupar o mesmo nicho ecológico. A minha intenção era demonstrar que, em actividades como o design – e como diria o avô Hilton à neta Paris –, não basta reclamar uma herança para ser um herdeiro. Não basta dizer que se adora o kerning, se delira com ligaturas e debitar terminologia especializada como “levar à massa”; é preciso que isso  dê resultados. É necessária uma preocupação activa, diária, constante com a tipografia. Dentro do design, e tal como já tinha dito no texto anterior, essa preocupação é cada vez mais uma especialização, reservada aos designers de tipos, de software e a uns quantos cromos que, por coincidência, também costumam ser os melhores designers – embora nem sempre os mais conhecidos, pelo menos em Portugal.

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Mário Moura

Mário Moura, blogger, conferencista, crítico.

Autor do livro O Design que o Design Não Vê (Orfeu Negro, 2018). Parte dos seus textos foram recolhidos no livro Design em Tempos de Crise (Braço de Ferro, 2009). A sua tese de doutoramento trata da autoria no design.

Dá aulas na FBAUP (História e Crítica do Design Tipografia, Edição) e pertence ao Centro de Investigação i2ads.

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