Num dos números da revista Contemporânea, em 1922, Fernando Pessoa publicou O Banqueiro Anarquista, um conto cujo interesse residia no paradoxo que começava logo no título, casando a respeitabilidade conservadora da banca à irresponsabilidade destrutiva da anarquia, associada no texto às bombas e aos sindicatos.
A história tinha a forma de um diálogo entre o narrador e um anarquista tornado banqueiro, que garantia não se ter tornado banqueiro por ter esquecido os seus princípios anarquistas mas por os ter seguido até às últimas consequências. Se o objectivo da anarquia era a libertação das “ficções sociais”, ele tinha conseguido libertar-se a ele mesmo. Se os outros quisessem ou não seguir o seu exemplo, era com eles.
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