The Ressabiator

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Se não podes pô-los a pensar uma vez, podes pô-los a pensar duas vezes

Crise de Identidade

Resumindo o que já escrevi em outros textos: as artes, incluindo o design ou a arquitectura, não têm ferramentas para enfrentar esta crise. Porquê? Porque são, neste momento estruturas de serviços onde anomalias como a precariedade, o estágio e o resto se tornaram banais e até identitárias. Leia o resto deste artigo »

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Pela Cultura

Esta semana vai haver manifestações pela Cultura. Nem digo contra a troika porque, pelos vistos, o FMI mudou de ideias, Barroso diz que não é nada com ele, e não sobra outra coisa que não o Governo. Portanto, que se lixe o Governo, que se lixe a Austeridade. Que se lixe a política cultural desta gente. Que não existe, porque é feita caso a caso.

Mas vai-se percebendo um padrão: aqui junta-se arquitectura de renome e intervenções artísticas em larga escala como tentativa de equilibrar a destruição patrimonial e ecológica causada por umas tantas barragens; ali, promove-se a trilogia luxo-fado-gastronomia; acolá, usam-se artistas/empresários para produzir instalações gigantes a partir de objectos sofisticados produzidos através da montagem modular de objectos do quotidiano (se possível feitos pelas nossas indústrias).

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Tua, Património Mundial da Humidade

Segundo o Público, a Unesco não considera que a barragem da Foz ameace o estatuto de Património Mundial da Humanidade da região do Alto Douro Vinhateiro, louvando a decisão de enterrar os edifícios da barragem como estratégia para diminuir o seu impacto. Calculo que o facto de haver ali o dedo de arquitecto de renome também não prejudique o valor patrimonial da enormidade.

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O Debate do Debate do Século (e quem o está a vencer)

O debate da arquitectura portuguesa anda interessante, embora fique a sensação que os formatos onde aparece e os tópicos propostos não se ajustam de todo ao que se quer mesmo discutir – que é a política e a economia (sem grande surpresa, dados os tempos que correm).

Em Veneza, por exemplo, um daqueles temas vagos e vagamente esperançosos, típicos da bienal típica, Common Ground, foi interpretado pela comissária portuguesa, Inês Lobo, para falar sobre Lisboa, em três temas, também eles bastante “bienais”: Lisboa Baixa, Lisboa Rio e Lisboa Conexões (parecem nomes de bares ou hósteis). O resultado, inesperado, segundo a própria comissária (citada no Público de ontem), foi que “nas várias mesas-redondas, dois momentos surgiram como essenciais para esta reflexão: a reconstrução da Baixa pelo marquês de Pombal depois do terramoto de 1755; e a reconstrução do Chiado por Álvaro Siza depois do incêndio de 1988.”

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Pioneiros do Desenho Moderno

Por falar em Ulisseia, aqui fica um dos livros mais carismáticos da Pelikan traduzido, realmente traduzido, para português, como se pode ver pelo título – porque na altura o design, quando aparecia de todo, ainda levava umas valentes aspas, que tinham tanto de carimbo de importação como de ironia. Algum tempo depois, haveriam outras traduções do livro (um pouco menos traduzidas).

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Novecentos

Cheguei ao artigo n° 900. O ritmo do blogue tem sido mais rápido, portanto não é ocasião para grande celebração, apenas para algum exame de consciência ou ponto da situação.

Ainda há uns dias admitia em conversa com amigos que já não me apetecia tanto escrever sobre design mas, mal disse isso, reparei que este é o sexto texto seguido que dedico ao assunto. Tenho preferido a intervenção política e as artes em geral. Se calhar o regresso ao design é culpa da silly season, que tende a secar as coisas sérias, deixando apenas as trivilialidades.

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“O senhor já devia saber”

De volta ao Porto por um ou dois dias, em parte para ver a caixa do correio que desta vez tinha quatro envelopes das Finanças. Só um susto passageiro: cada carta anulava outra, como se fossem parênteses ou aspas.

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Pastelaria Moderna

Ontem, à volta para Lisboa vindos de Tavira, parámos para lanchar na pastelaria Luiz da Rocha no centro de Beja, centenária mas que deve ter sido remodelada mais ou menos a meio do século XX. Sente-se um modernismo semelhante ao da Cunha no Porto: de ferro, vidro e madeira, mas tornado elegante pela simples repetição de formas e combinação de texturas. Os mesmos materiais que podiam ter sido usados para fazer uma tasca são empregues para criar modernidade, apenas pela forma como são combinados – que é como quem diz: pelo seu design. É essa a lição mais profunda da gestalt: ritmo, textura, sobreposição e justaposição, estratégias elementares para fazer da matéria mais básica uma coisa nova.

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Democracia a 8 Bits

Para quem a defende, a austeridade não parece ser apenas uma doutrina económica mas também discursiva. Não se trata só de empobrecer os bolsos da maioria mas também a sua capacidade de se manifestar em público.

Isso fica bem claro nos apelos frequentes que se tem feito à paciência e ao silêncio, desde Manuela Ferreira Leite com os seus seis meses de suspensão da democracia, até aos seis meses de silêncio pedidos pelo reitor da Universidade do Porto. Se pensarmos que a democracia é o governo através da discussão e que as votações são apenas a parte do processo onde se escolhem os melhores argumentos, pedir silêncio ou pedir a suspensão da democracia é exactamente a mesma coisa.

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Retrato do Artista e dos seus Mecenas Enquanto Patos Bravos

Graças a uma pergunta da plateia no final de uma conferência na Universidade do Algarve foi possível conhecer a reacção de Pedro Cabrita Reis às críticas negativas de que foi alvo a sua intervenção na barragem da Bemposta.

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Arcos na Paisagem

Mais William Beckford em 5 de Junho de 1787, há quase 225 anos:

“Aproveitei a ausência do sol para dar um passeio a pé pelo vale de Alcântara, entre laranjais e pomares de cidreiras lavados pelas chuvas que ultimamente têm caído. Através deste vale passa o enorme aqueduto de que tantas vezes tens ouvido falar como sendo o mais colossal edifício do género na Europa. Tem apenas uma linha de arcos em ogiva, e o principal, que abraça uma torrente de águas, mede, aproximadamente, 90 metros de altura. Leia o resto deste artigo »

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O Fantasma

A rua onde vivo no Porto não tem muito que se lhe diga. Começa como um afluente discreto da Costa Cabral, demasiado longe do centro para que alguém vá ali sem  um propósito definido. Quando ainda existia o velho estádio das Antas, era suficientemente perto para que os adeptos lá estacionassem os carros, conseguindo chegar por vezes às filas duplas numa rua que na parte mais larga não deve chegar aos dez metros. Com o novo estádio, só voltou a conhecer animação com as obras do metro, nem tanto porque haja por aqui alguma estação, mas por causa das betoneiras que passavam diariamente e cujo peso fazia ondular os paralelos em cristas altas, que em alguns pontos da rua impediam mesmo os moradores de estacionarem nas suas próprias garagens.

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Snack-Bar

Hoje em dia, a própria expressão “Snack-Bar” é nostálgica, lembrando gelados em copo de vidro alto com muito Chantilly, bitoques no prato mal passados debaixo de um ovo estrelado, a meio de uma abundância de batatas fritas bem secas.

Se calhar nunca foi de outro modo: ainda nos anos 50, Sena da Silva descrevia a clientela dos Snack-Bars como tendo uma clara “formação cinematográfica” numa das legendas deste artigo da revista Arquitectura,* mais um ensaio visual que uma recensão, com fotografias cheias de movimento e personalidade, em particular o retrato da rapariga da página da direita, que nos põe a cismar quem poderia ser – alguém conhecido do fotógrafo?

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Medalhitas

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Neste fim de semana, fui ao lançamento do livro “Atlas de Parede” sobre os processos de trabalho do arquitecto Eduardo Souto Moura. A ocasião serviu também de evento inaugural para a nova sede da Trienal de Arquitectura de Lisboa, uma antiga escola bonita de tectos estucados, corrimões de ferro ornamentado e um átrio em calçada portuguesa miudinha, mais delicada que a da rua. A sala destinada ao lançamento foi pequena para a afluência e muitos optariam por ver a conversa projectada em vídeo, sentados sobre o empedrado frio do átrio.
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Inovação Pimba

Já o tinha dito por aqui umas tantas vezes, mas o que assusta nesta versão portuguesa da crise é o apagamento de umas tantas décadas de cultura, com gerações inteiras a voltarem ao mesmo tipo de negócios que os seus bisavôs e trisavôs: tascas, mercearias, artesanato, bibelôs, tudo adjectivado de “urbano”,  tudo com uma fina camada de design, com uma exposição de qualquer coisa pendurada a um canto, uma inauguração ou um djset de quando em quando. São o negócio e a cultura possíveis mas também uma espécie de desistência.

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Social, mas em itálico

A implosão de uma das torres do Aleixo foi um dos acontecimentos do mês, uma espécie de fogo de artificio de luxo, o género de espectáculo que, para os políticos do Porto, foi sempre receita segura para atrair a atenção da populaça, com o requinte acrescido, neste caso, de se estar a explodir casas a sério, onde pessoas a sério viveram – quase um sacrifício humano, portanto.

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Chama-se já um arquitecto

Segundo o Diário de Notícias de ontem o projecto da polémica barragem da Foz do Tua será feito por Souto Moura, com o argumento que assim fica garantida “a melhor integração possível na paisagem do Alto Douro Vinhateiro, conseguindo em simultâneo uma obra de arte arquitectónica de referência internacional capaz de funcionar como mais um pólo de atração para a região” – acredito que sim, de tal maneira que o projecto deveria incluir desde já um hostelzito para abrigar toda a romaria de arquitectos que não deixarão de ir até lá.

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Um Relógio de Sol nas Traseiras da Bauhaus

Para quem, como eu, gosta de comprar livros antigos, a sobrecapa é um detalhe importante. A presença de uma sobrecapa em relativo bom estado pode acrescentar umas centenas de euros ao preço de uma primeira edição, colocando-a fora do alcance do coleccionador mais pelintra (em geral eu), tornando-se frequentemente na parte mais cara do livro que cobrem – o que é um desenvolvimento interessante, porque muita gente as via como acessórios descartáveis.

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Não sou só eu

Nem de propósito: depois de ter retomado hoje o tema da sinalética fanhosa do metro do Porto, dei com este artigo no blog da Eye sobre a excessiva confiança dos arquitectos modernistas na “legibilidade” dos seus edifícios, deixando sempre que possível toda e qualquer sinalética de lado – para desespero de quem quer dar com as casas de banho ou mesmo com a entrada do edifício. Tendo em conta que o mau exemplo vem de cima, a falta de qualidade da navegação nos edifícios de arquitectos portugueses (e não só) acaba por ser inversamente proporcional ao “nome” do Sr. Arquitecto. Lembro-me, por exemplo, de andar constantemente perdido na meia dúzia de corredores da Pousada de Santa Maria do Bouro, de Souto Moura, onde era preciso o recepcionista indicar a cada hóspede o truque para abrir o minibar, escondido atrás de uma portinhola disfarçada de pintura abstracta pirosa (com uma pseudo-colagem a funcionar como pega). Resumindo, se mais algum arquitecto português ganha o Pritzker nunca mais ninguém dá com um Favaíto ou com uma casa de banho pública neste país.

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Inversões Curiosas

Relendo as primeiras páginas do Pioneers of Modern Design, de Pevsner, percebe-se que a arquitectura era bastante diferente no século XIX. O arquitecto encarregava-se sobretudo da decoração exterior de um edifício, adequando o seu estilo às necessidades do seu cliente, mudando de gótico para neo-clássico ou mourisco conforme a ocasião. O resultado chegava a ser cómico, havendo em Inglaterra ruas onde cada casa tinha o seu estilo, ou mansões onde as traseiras tinham um estilo e a parte da frente outro, dependendo do gosto do marido e da mulher.

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Mário Moura

Mário Moura, blogger, conferencista, crítico.

Autor do livro O Design que o Design Não Vê (Orfeu Negro, 2018). Parte dos seus textos foram recolhidos no livro Design em Tempos de Crise (Braço de Ferro, 2009). A sua tese de doutoramento trata da autoria no design.

Dá aulas na FBAUP (História e Crítica do Design Tipografia, Edição) e pertence ao Centro de Investigação i2ads.

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