The Ressabiator

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Se não podes pô-los a pensar uma vez, podes pô-los a pensar duas vezes

Não sei se residentes, mas artistas de certeza

E, para juntar ao dossier, mais uma intervenção do Paulo Mendes, via Facebook:
‘DIAGNÓSTICO e CONTAMINAÇÕES

Depois do problema que aconteceu com o meu trabalho, a bandeira PORTUGUESA MONOCHROME, ainda antes da própria inauguração deste primeiro conjunto de exposições no projecto 1ª Avenida, os episódios pouco dignificantes continuam.

Aquela ocorrência, que mostrou a total incompreensão da criação contemporânea, acabou com justificações legalistas como forma da entidade promotora do projecto justificar o injustificável – desviar as atenções daquilo que foi a razão principal do pedido para retirar aquele trabalho – e essa razão obviamente prende-se com o comentário político que está implícito na leitura do trabalho. Decidi sair da exposição de forma discreta, quanto possível, no final da manhã do dia 26 de Abril. Como já referi anteriormente não enviei nenhuma informação para a comunicação social sobre os factos que tinham ocorrido e não quis alimentar uma discussão pública que embora pudesse colocar questões importantes na relação entre o poder politico e a cultura, poderia colocar em causa a manutenção do programa que José Maia pretendia ali desenvolver. Não o fiz por respeito e para não colocar em causa a posição do director artístico José Maia, meu amigo e cúmplice em muitos projectos ao longo dos anos. A manutenção desta amizade é obviamente mais importante que os arrufos controleiros de meros gestores ou produtores politico/culturais. Nesta perspectiva dei por terminado este incidente e continuei a produzir o meu trabalho.

No entanto as entidades e os responsáveis executivos relacionados com a Porto Lazer que gerem o projecto 1ª Avenida pouco parecem ter aprendido daquele lamentável episódio e persistem num desrespeito pelo criadores, razão principal para a existência daquele espaço. Os mais recentes acontecimentos, explicados na comunicação assinada por um conjunto de criadores que decidiram agora retirar-se e dar por terminada a maior exposição que estava aberta ao público, demonstra a ausência de uma estratégia global para a ocupação e programação daquele espaço.
Neste momento no projecto 1ª Avenida, realmente tudo pode co-existir, desde a ausência de apoio ao nível da produção aos criadores, às intermináveis obras no edifício ou a descidas de rappel na fachada e desde á dois dias podem também partilhar o Edifício Axa com uma sede de campanha política. A Porto Lazer declarou na altura a propósito da exibição pública da minha bandeira ao jornal Público: “não poderia permitir que o Edifício Axa tivesse, durante um mês e meio, apenas um ícone externamente visível de um dos seus muitos conteúdos e, portanto, contaminante da identidade diversa que se pretende construir para o programa imaterial” do 1ª Avenida.” (http://www.publico.pt/cultura/noticia/paulo-mendes-nao-aceitou-proposta-da-camara-do-porto-de-manter-bandeira-no-exterior-do-axa-apenas-uma-semana-1592877#).
Aparentemente esta sede de campanha politica não contamina a identidade dos criadores que ali estão a desenvolver e a mostrar o seu trabalho a custo zero.

Talvez os políticos sejam artistas residentes.

P.M. 9 maio 2013

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O Futuro das Artes Está No Porto

Querem saber como vão ser os próximos anos da cultura aqui em Portugal? Olhem para o Porto na última década. É a segunda cidade do país, empobrecida e periférica. Preterida pela televisão e pelos jornais, apontados quase sempre a Lisboa. Teve um momento de abundância com o Porto 2001, uma dinâmica sustentada por uma geração inteira de artistas plásticos locais, que se aguentaram precariamente, consolidados numa cena frágil durante mais meia dúzia de anos, depois da Capital da Cultura acabar e de Rui Rio chegar a presidente da câmara, ironizando que quando ouvia falar de cultura puxava logo do livro de cheques.

No final, esta cena incipiente não se extinguiu propriamente – dissolveu-se. Leia o resto deste artigo »

Filed under: Arte, Comissariado, Crítica, Cultura, curadoria, Design, Economia, Política, Prontuário da Crise

“Curating is the new criticism”

Em resposta¹ à famosa observação de Pedro Gadanho (e que dá o nome a este texto), ocorre-me que há uma diferença fundamental entre crítica e comissariado: ambos produzem um discurso argumentado em público sobre certos objectos ou áreas, é verdade, mas esses discursos são construídos materialmente de modos muito distintos. Enquanto a crítica é feita de palavras – neste momento basta um computador e acesso à net –, o comissariado constrói o seu discurso a partir da gestão ou colaboração com artistas, acervos, instituições ou eventos. Ou seja, enquanto a crítica é relativamente barata, não precisa de muitos meios, o comissariado pressupõe um acesso directo aos artistas, às obras, às instituições ou aos eventos. São estas as “palavras” que compõem o discurso do comissário. Leia o resto deste artigo »

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Por uma História Descurada da Curadoria

Desde há algum tempo que tento ler uma obra de fôlego sobre curadoria, mas não tenho conseguido. Não por falta de tempo, mas por falta da tal obra. É talvez o melhor sinal de como a curadoria domina neste momento a cultura a todos os níveis que a maioria dos livros sobre o assunto sejam eles próprios comissariados. Leia o resto deste artigo »

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Mário Moura

Mário Moura, blogger, conferencista, crítico.

Autor do livro O Design que o Design Não Vê (Orfeu Negro, 2018). Parte dos seus textos foram recolhidos no livro Design em Tempos de Crise (Braço de Ferro, 2009). A sua tese de doutoramento trata da autoria no design.

Dá aulas na FBAUP (História e Crítica do Design Tipografia, Edição) e pertence ao Centro de Investigação i2ads.

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