Depois do problema que aconteceu com o meu trabalho, a bandeira PORTUGUESA MONOCHROME, ainda antes da própria inauguração deste primeiro conjunto de exposições no projecto 1ª Avenida, os episódios pouco dignificantes continuam.
Aquela ocorrência, que mostrou a total incompreensão da criação contemporânea, acabou com justificações legalistas como forma da entidade promotora do projecto justificar o injustificável – desviar as atenções daquilo que foi a razão principal do pedido para retirar aquele trabalho – e essa razão obviamente prende-se com o comentário político que está implícito na leitura do trabalho. Decidi sair da exposição de forma discreta, quanto possível, no final da manhã do dia 26 de Abril. Como já referi anteriormente não enviei nenhuma informação para a comunicação social sobre os factos que tinham ocorrido e não quis alimentar uma discussão pública que embora pudesse colocar questões importantes na relação entre o poder politico e a cultura, poderia colocar em causa a manutenção do programa que José Maia pretendia ali desenvolver. Não o fiz por respeito e para não colocar em causa a posição do director artístico José Maia, meu amigo e cúmplice em muitos projectos ao longo dos anos. A manutenção desta amizade é obviamente mais importante que os arrufos controleiros de meros gestores ou produtores politico/culturais. Nesta perspectiva dei por terminado este incidente e continuei a produzir o meu trabalho.
No entanto as entidades e os responsáveis executivos relacionados com a Porto Lazer que gerem o projecto 1ª Avenida pouco parecem ter aprendido daquele lamentável episódio e persistem num desrespeito pelo criadores, razão principal para a existência daquele espaço. Os mais recentes acontecimentos, explicados na comunicação assinada por um conjunto de criadores que decidiram agora retirar-se e dar por terminada a maior exposição que estava aberta ao público, demonstra a ausência de uma estratégia global para a ocupação e programação daquele espaço.
Neste momento no projecto 1ª Avenida, realmente tudo pode co-existir, desde a ausência de apoio ao nível da produção aos criadores, às intermináveis obras no edifício ou a descidas de rappel na fachada e desde á dois dias podem também partilhar o Edifício Axa com uma sede de campanha política. A Porto Lazer declarou na altura a propósito da exibição pública da minha bandeira ao jornal Público: “não poderia permitir que o Edifício Axa tivesse, durante um mês e meio, apenas um ícone externamente visível de um dos seus muitos conteúdos e, portanto, contaminante da identidade diversa que se pretende construir para o programa imaterial” do 1ª Avenida.” (http://www.publico.pt/cultura/noticia/paulo-mendes-nao-aceitou-proposta-da-camara-do-porto-de-manter-bandeira-no-exterior-do-axa-apenas-uma-semana-1592877#).
Aparentemente esta sede de campanha politica não contamina a identidade dos criadores que ali estão a desenvolver e a mostrar o seu trabalho a custo zero.
Talvez os políticos sejam artistas residentes.
P.M. 9 maio 2013
Filed under: Arte, Comissariado, curadoria
Comentários Recentes