The Ressabiator

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Se não podes pô-los a pensar uma vez, podes pô-los a pensar duas vezes

Decorativos e felizes

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O Notícias Ilustrado, suplemento semanal do Diário de Notícias, era provavelmente o periódico português de grande circulação com o grafismo mais inovador. Foi durante muito tempo o único impresso em rotogravura, uma técnica que fazia da página uma só unidade, uma só imagem, valorizando a fotografia, a colagem e a sua interacção com o texto. Leitão de Barros, hoje mais conhecido como cineasta, foi o seu director artístico. Ensaiou em Portugal técnicas de edição e composição editorial ao nível do que de melhor se praticava no mundo. Leia o resto deste artigo »

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A Máquina de Fazer Crescer Relva

Já foi há uns meses, talvez mais de um ano, não tenho como saber. Acabava de entrar no Alfa Pendular em Campanhã. O comboio vinha de Braga, já com alguns poucos passageiros. Ocupei o meu lugar na carruagem 3, mesmo junto á porta do bar, de costas para a marcha. Abri o meu computador, tirei alguns livros da mochila. Uns lugares à minha frente, num daqueles grupos de assentos rodeando uma mesinha, reparei numa cara familiar, a dormir profundamente, boca escancarada e pregas de bochecha contra o vidro.

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Corrupções

Há duas definições possíveis de corrupção, uma legal e outra ética. No primeiro caso, o mais simples, alguém paga (em favores ou dinheiro) a alguém para ser favorecido, em geral lesando outras pessoas. Os exemplos são muitos: desde o político que faz uma lei que prejudica toda a gente menos um “amigo”, até ao instrutor de condução que “agiliza” a carta em troca de uma “atençãozinha”. Chama-se a isto tudo corrupção porque adultera um processo desviando-o do seu propósito original, deformando ou destruindo os seus princípios em nome de outros, em tudo menos na aparência – por exemplo, um concurso público feito já com um vencedor em vista dá uma legitimidade meritocrática a um processo que não o é de todo. Leia o resto deste artigo »

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A Gentinha

É habitual argumentar-se que a privatização de serviços públicos garante a liberdade do utilizador porque pode escolher o serviço que mais lhe convém, sem o Estado a ditar-lhe qual o ensino ou a saúde que deve ter.

Mas, para muitos liberais, essa liberdade resume-se a, muito disfarçadamente, não ter que lidar com “a gentinha”, tanto no sentido de não ser obrigado a pagar-lhes a escola e o centro de saúde através de impostos, como no de simplesmente não ser obrigado a estar fisicamente com eles numa situação de igual para igual, em que dinheiro, estatuto ou família não fazem diferença. Leia o resto deste artigo »

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Só coincidências… (com Update)

Update: Entretanto, já há dúvidas quanto à veracidade da campanha. Será que é uma acção como as daqueles grupos situacionistas dos anos 60 que invadiram grandes superfícies vestidos de Pais Natais e começaram a oferecer brinquedos das prateleiras a todas as crianças?

Update: Outro pensamento: Se é falso, fica a dúvida se é uma piada de esquerda para sabotar o Pingo Doce, castigando-a pela promoções no dia do trabalhador ou se é alguém a tentar sabotar a greve às custas do Pingo Doce. Mistério.

Update: Apanhei nos links que referenciavam este post um fórum que discutia a coisa e é só uma partida.

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Anibáis Racionais

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Esta senhora diz que o Cavaco dela fala.

Só vejo televisão muito de vez em quando, em geral no ginásio, enquanto corro. Hoje a Sic Notícias fez algum estardalhaço à espera que Cavaco quebrasse o seu silêncio. Não sei se o chegou a fazer. Só vi um directo do presidente a inaugurar um hotel de luxo do Grupo Pestana no Parque das Nações. Sublinhou que a solução para Portugal seria investir no turismo, presumo que de luxo. Aí terminou a minha corrida. Se calhar disse qualquer coisa aos jornalistas à saída. Não faço ideia. Para mim, um Presidente a inaugurar um Hotel de Luxo, privado como é evidente, parece-me uma excelente mensagem sobre a crise e o modo como se está a resolvê-la: uma cultura que celebra o luxo mantida com o trabalho de gente que se espera pague para trabalhar – desde senhoras da limpeza a designers. Leia o resto deste artigo »

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Concertação, ética e civismo

A discussão mais séria e central sobre a crise portuguesa e as suas consequências não é entre quem se ilude achando que não vamos empobrecer (a caricatura que se vai fazendo da esquerda) e quem se ilude dizendo que merecemos empobrecer (a caricatura que se vai fazendo da direita). Desde há muito tempo que é claro que vamos empobrecer, seja qual for a saída que se escolha. A discussão é qual o caminho a seguir e quais as suas consequências.

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Serviço Público

Há agora um preconceito contra o serviço público. Mesmo quando é defendido, diz-se por vezes que é um mal necessário, que não pode ser totalmente erradicado, e que portanto mais vale fazê-lo bem. Pessoalmente, não acredito no serviço público como o que sobra de tudo o resto, mas como  suporte essencial de valores como a igualdade, o civismo ou até a ética. Leia o resto deste artigo »

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La Société des Ambianceurs et des Personnes Élégantes (Sape)

Dei com estes senhores aqui. Chamam-se sapeurs (ver título) e vestem-se com brio e cores extravagantes em plena pobreza do Congo. Leia o resto deste artigo »

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Moralismo e economia

Não são a mesma coisa. E o mesmo se pode dizer da política e da economia. Embora a tendência seja misturar as coisas, com os resultados que se vê.

Aquilo que me atrai mais no que Paul Krugman escreve é o princípio que a economia não é o que ele chama uma “Morality Play” e que poderíamos traduzir (aos trambolhões) por uma fábula encenada com o propósito de moralizar. No fim de contas, que a economia não é um mecanismo automático que toma as decisões éticas e políticas por nós.
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Últimos Dias

Entre todas as desgraças diárias que nos mandam os jornais começa a ser difícil escolher uma, a que seja mais urgente comentar. Esta semana por exemplo, muitos opinadores, com melhores ou piores razões, ponderaram o risco de uma saída do Euro.

Daniel Oliveira fez um bom comentário no Expresso. José Manuel Fernandes e Domingos Ferreira fizeram-no no Público de hoje, em páginas consecutivas, mas demonstrando que se pode defender a mesma premissa de modos radicalmente distintos.* Leia o resto deste artigo »

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Come e cala

A propósito de Maria Teresa Horta, apareceu o argumento do costume: que se não queria receber o prémio das mãos deste Primeiro Ministro, não o deveria receber de todo. O Daniel Oliveira já deu uma resposta perfeitamente satisfatória a essa objecção: que o prémio e a figura que o entrega são duas coisas distintas, que podem e devem ser separadas.

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Aritmética

Mais uma vez leio Pacheco Pereira e tirando um ou outro pormenor, concordo, o que no ambiente actual é um risco (afinal, ele tem uma ideia bastante tosca do papel da cultura e do seu financiamento).

Mas, para muita gente, concordar com alguém é o equivalente a concordar com tudo o que essa pessoa disse, diz ou dirá, fez, faz ou fará. Ficamos unidos pelo acto de concordar noVerão e no Inverno, na saúde e na doença – casados à maneira vitoriana, quando já nem os casamentos são assim. Leia o resto deste artigo »

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A Culpa é um escalão de IRS

Dentro do contexto da crise actual, a palavra Austeridade deveria ser sempre escrita com A grande, porque não significa apenas poupar, levar uma vida mais simples, mas fazê-lo de certa maneira: cortar nas coisas públicas, não apenas na despesa mas em certo tipo de despesa (hospitais, escolas, universidades, cultura); cortar nos salários de quem trabalha para outras pessoas, sobretudo para o Estado; privatizar serviços; subsidiar essa privatização; etc. A Austeridade não é portanto um mero sinónimo de poupança mas a designação de um programa complexo e coerente.

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Aprendizes de Feiticeiro

Talvez pareça irónico que, nem uma semana depois da manifestação de 15 de Setembro, o país se dedique agora em massa à Casa dos Segredos. Déficit de atenção, dirão. Falta de prioridades. Mas não há ironia nenhuma por aqui, antes pelo contrário.

Ainda me lembro dos velhos tempos, quando os concursos eram um longo percurso entre a parte onde se ganhava uma torradeira ou uma garrafa de sumol e o prémio de sonho, ao fim da noite, em geral um *magnífico* automóvel.

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O que ando a ler

Terminei What Money Can’t Buy (uma das melhores leituras do ano) e, para não sair do assunto, comecei The Price of Inequality, de Joseph Stiglitz. Leia o resto deste artigo »

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Greve da Fome

Ainda sobre o Zé Cardoso e a sua greve da fome: hoje tive cerca de 3500 visitas, 2200 só no texto em questão. 725 na primeira hora em que esteve online. Quebrou o record anterior, de 2700 visitas, pertencente à Joana Vasconcelos. O debate Loff-Ramos nem andou perto (1800 visitas no melhor dia).

Dessa gente toda, muitas pessoas apoiarão a iniciativa; algumas talvez se sintam inspiradas a fazer algo semelhante. Outras, concordarão com a intenção, mas não com o método, ou vice-versa. Outras usarão argumentos que se podem resumir a “Estamos em democracia e toda a gente tem o direito a exprimir-se, mas isto é uma estupidez” – e acrescentando, sempre que possível, que já seria uma coisa séria se fosse antes assim ou assado. Quanto a estes últimos, que até apoiavam se fosse outra coisa qualquer, confesso que me impacientam.

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O que ando a ler

Depois de End This Depression, a minha leitura actual e compulsiva é What Money Can’t Buy: The Moral Limits of Markets, de Michael J. Sandel. O título explica bem o programa: que o mercado enquanto ética não chega. Que “deixámos de ter uma economia de mercado para ser uma economia de mercado.”

Começa com uma discussão das filas de espera e das implicações éticas e de igualdade de pagar para passar à frente. Como acredito que a fila de espera é uma representação gráfica (e performativa) da ideia de civismo e igualdade, bastava isso para me colar ao livro, mas Sandel ainda propõe uma definição expandida de corrupção tão óbvia como brilhante: “But corruption refers to more than bribes and illicit payments. To corrupt a good or a social practice is to degrade it, to treat it according to a lower mode of valuation than is appropriate for it.” – que a corrupção consiste em comprar e vender coisas que não deveriam estar à venda, não apenas políticos, mas hábitos, relações familiares, órgãos, etc.

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Sociedade Anónima

Este é mais um texto em grande medida inútil; tal como este outro, pretende ser um pequeno ensaio argumentativo sobre discussões que não vale a pena ter. Quem o ler agora, verá nele restos da polémica entre Manuel Loff e Rui Ramos, mas escrevi-o em parte como um esboço para uma reflexão mais alargada sobre discutir na internet.

O ponto de partida são certos posts, artigos e, mais frequentemente, comentários onde um anónimo, assinando ou não com uma alcunha, se queixa que tal pessoa (perfeitamente identificada) não é ninguém: “Mas quem é ele para dizer aquilo?” – e expressões do género, onde alguém, cuja única reputação é não ter qualquer tipo de reputação (para além da pequena amostra de identidade apresentada naquela discussão) declara que a reputação de alguém não existe. Podia ser uma daquelas situações clássicas onde se tenta perceber se é possível confiar num ateniense que diz que todos, mas mesmo todos, os atenienses são mentirosos. Anónimo só confia em currículos sólidos.
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Motivos e Autoridades

Já não tenho grande pachorra para escrever muito mais sobre o caso Loff-Ramos. Nem me apetece repetir ou sequer recapitular a refrega. Tenho as minhas ideias sobre quem se portou melhor e quem acabou por ser aclamado vencedor (um e outro não são, na minha opinião, a mesma pessoa).

Se volto ao assunto, é apenas para deixar registado que só uma ínfima parte da discussão se centrou no que estava a ser argumentado por cada um dos envolvidos. O que acabou por ser discutido foram, antes e acima de tudo, os motivos que os levaram a intervir (se tinham uma agenda de esquerda ou de direita), e a sua legitimidade para falar ou para ser ouvidos (se tinham ou não autoridade para isso) – nada de muito diferente das discussões que correm por aí, pelos jornais ou pela blogosfera.

Serve o presente texto para argumentar que centrar uma discussão nos motivos ou na autoridade de quem debate é (na grande grande maioria dos casos; não todos) uma perda de tempo. Quando muito serve para marcar o momento preciso em que um debate descamba.
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Mário Moura

Mário Moura, blogger, conferencista, crítico.

Autor do livro O Design que o Design Não Vê (Orfeu Negro, 2018). Parte dos seus textos foram recolhidos no livro Design em Tempos de Crise (Braço de Ferro, 2009). A sua tese de doutoramento trata da autoria no design.

Dá aulas na FBAUP (História e Crítica do Design Tipografia, Edição) e pertence ao Centro de Investigação i2ads.

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