The Ressabiator

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Se não podes pô-los a pensar uma vez, podes pô-los a pensar duas vezes

Política e Cultura

Hoje no Público uma reflexão sobre o aniversário do CCB em três artigos. O mais interessante é o mais geral que defende que “o modelo do Grande Centro Cultural está esgotado”, e agora faz mais sentido a organização em rede de pequenos centros culturais. Segundo o artigo, em Portugal essa articulação não acontece, funcionando cada instituição em isolamento, até dentro da mesma cidade, a Culturgest alheada do CCB, etc. Leia o resto deste artigo »

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O Futuro das Artes

Há umas semanas, dizia eu que para se perceber o futuro das artes em Portugal era uma boa ideia olhar para a cena do Porto durante a última década, uma economia cultural abandonada – pelos financiamentos, pelos media, pelas grandes instituições – e que encontrou uma identidade e uma saída a produzir dentro do contexto da viagem low-cost, que lhe traz um público de turistas internacionais, mas permite também a circulação de objectos e artistas. Neste contexto, percebe-se bem como a música, a comida, a roupa e a ilustração, formatos portáteis por excelência, ganham protagonismo. O melhor exemplo será talvez o livro de ilustração: pequeno, cabe numa mochila, agrada a crianças mas também a adultos, incluindo aqueles que não falam bem a língua.

Pois bem, podemos confiar no nosso governo para f***r tudo, com particular perigo para o que esteja a funcionar bem: a venda da ANA arrisca-se a dar cabo desta cena toda muito rapidamente.

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Será que é possível reindustrializar o design gráfico?

Há muitos, muitos anos, praticamente desde que a disciplina se institucionalizou em Portugal, um dos maiores e mais consensuais objectivos do design gráfico tem sido estabelecer uma ligação com a indústria. Esse era um dos propósitos do falecido CPD. E já perdi a conta a todas as ocasiões oficiais em que ouvi a ideia ser solenemente repetida, todos os papers, artigos e teses onde a li. A aproximação do design à indústria lembra o que se diz de todos os filmes do 007 desde, pelo menos,1983:[1] que nunca se tinha apresentado um Bond tão frágil e humano. Três décadas depois, o agente secreto já tinha obrigação de ser mais humano que a maioria das pessoas. Quatro décadas depois, o design gráfico português já tinha obrigação de ter a sua ligação à indústria. Leia o resto deste artigo »

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O Mercado da Culpa

Uma falha de mercado ocorre quando o ganho de um agente acontece à custa de perdas para a sociedade em geral. Neste momento, a União Europeia já não é um mercado comum, mas um conjunto de falhas de mercado sustentando-se umas às outras às custas de uma grande parte da sua população.

É habitual invocarem-se as origens da crise, nem tanto com o propósito de perceber o que correu mal, mas para repisar bem quem tem as culpas e quem deve pagar a factura. Aqui em Portugal, a culpa política foi atribuída ao Governo Sócrates e a económica à classe média, tanto um como outro gastando mais do que tinham. Do lado da Europa, Durão Barroso faz sempre questão de frisar que não foi a União Europeia que criou a crise. Etc.

Tornou-se habitual cada um dos putativos culpados (toda a gente já foi acusada de alguma coisa), antes de fazer alguma intervenção pública começar por assumir ou deflectir algum tipo de culpa: “não fui bem eu” ou então “foi ele”, dependendo do grau de responsabilidade. Leia o resto deste artigo »

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Modesta Proposta

Há certas artes que não mereciam qualquer apoio, sobretudo vindo do Estado. Tirando uns poucos beneficiários ao topo, criam à sua volta uma esfera absurda de injustiça, de trabalhadores pouco ou nada pagos, de um serviço mal feito e condescendente, barato. Uma sensação que, para além de serem  más, em qualidade e em ética, também monumentalizam uma chico-esperteza fundamental, ostentando com orgulho o facto de serem feitas à custa de outras pessoas, do seu sacrifício. Leia o resto deste artigo »

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Reflexões à Margem de Foucault

Ando a reler o Nascimento da Biopolítica de Michel Foucault (1979), por onde já tinha passado por causa de Toni Negri e Michael Hardt, que usavam o conceito em Império (2000), para falar de precariedade e oposição a um capitalismo total. Voltei a ele por causa de António Guerreiro.

Neste momento, em plena crise, parece-me um livro inteiramente novo, quase como se nunca o tivesse lido antes. Em parte porque conheço melhor a obra e a metodologia de Foucault (onde baseei a minha tese de doutoramento), em parte porque também ando a ler Karl Polanyi, A Grande Transformação (1944), que já tinha coberto o mesmo assunto décadas antes, no fundo uma história crítica do Liberalismo, desde o século XVIII até meados do século XX. Leia o resto deste artigo »

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O Futuro das Artes Está No Porto

Querem saber como vão ser os próximos anos da cultura aqui em Portugal? Olhem para o Porto na última década. É a segunda cidade do país, empobrecida e periférica. Preterida pela televisão e pelos jornais, apontados quase sempre a Lisboa. Teve um momento de abundância com o Porto 2001, uma dinâmica sustentada por uma geração inteira de artistas plásticos locais, que se aguentaram precariamente, consolidados numa cena frágil durante mais meia dúzia de anos, depois da Capital da Cultura acabar e de Rui Rio chegar a presidente da câmara, ironizando que quando ouvia falar de cultura puxava logo do livro de cheques.

No final, esta cena incipiente não se extinguiu propriamente – dissolveu-se. Leia o resto deste artigo »

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Calotes & Regabofes

Tal como a sua evolução, a discussão da crise tem sido previsível ao ponto do tédio. Por exemplo, esta semana o economista Pedro Lains argumentou a necessidade de reestruturar a dívida. No Blasfémias, João Miranda respondeu, acusando-o de seguir a “a estratégia do caloteiro”. Lains respondeu explicando resumidamente os prós e os contras práticos e morais de não pagar uma dívida. Miranda responde, desta vez mais civilizadamente, acrescentando que, caso se escolha esse caminho, a reestruturação não será fácil. Lains encerrou do seu lado a discussão, dizendo que o “mais importante será talvez apenas notar que, em economia, a verdade nunca está encostada a lado nenhum. Por outras palavras, reestruturações nem são calotes, nem milagres de Fátima.” – uma conclusão que deveria ser óbvia mas precisa de ser lembrada e talvez até generalizando: não há soluções fáceis para a crise. Toda a gente vai sofrer com ela. A questão mais importante é como esse sofrimento vai ser repartido. Leia o resto deste artigo »

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O Melhor Design do Ano

Dentro do design, não foi um ano onde consiga isolar um evento, um livro, um estilo ou uma exposição. Houve muita coisa e muita coisa boa mas no conjunto soube-me a pouco. Foi um ano que me pareceu vazio. Intermédio. Os estilos da última década, cansados: o chamado estilo holandês ou werkplaats no design gráfico (impressão em RISO, lombada cosida à vista, etc.); tudo o que seja hipster ou aquela coisa quase punk do pós-hipster (do sapatinho oxford até à Doc Martens). Não sei o que possa ser o estilo que se segue: algo mais agressivo, impaciente, espero. Leia o resto deste artigo »

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Crise de Identidade

Resumindo o que já escrevi em outros textos: as artes, incluindo o design ou a arquitectura, não têm ferramentas para enfrentar esta crise. Porquê? Porque são, neste momento estruturas de serviços onde anomalias como a precariedade, o estágio e o resto se tornaram banais e até identitárias. Leia o resto deste artigo »

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Corrupções

Há duas definições possíveis de corrupção, uma legal e outra ética. No primeiro caso, o mais simples, alguém paga (em favores ou dinheiro) a alguém para ser favorecido, em geral lesando outras pessoas. Os exemplos são muitos: desde o político que faz uma lei que prejudica toda a gente menos um “amigo”, até ao instrutor de condução que “agiliza” a carta em troca de uma “atençãozinha”. Chama-se a isto tudo corrupção porque adultera um processo desviando-o do seu propósito original, deformando ou destruindo os seus princípios em nome de outros, em tudo menos na aparência – por exemplo, um concurso público feito já com um vencedor em vista dá uma legitimidade meritocrática a um processo que não o é de todo. Leia o resto deste artigo »

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Pro Bono, ou melhor: Pró Boneco

Esta semana mais uma notícia típica. Pagaram-se 120 000 euros a Peter Greenaway para realizar uma curta metragem 3D para o Guimarães 2012; fez-se um casting; escolheram-se actores, que acabaram por descobrir que trabalhariam à borla; o pouco dinheiro disponível ia ser usado para pagar o filme; terem uma obra de Greenaway no currículo seria pagamento suficiente; alguns recusaram. Leia o resto deste artigo »

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Soluções, Alternativas

Com a crise a durar há uns quatro anos, já devia ser evidente o que está ou não a dar certo. No meu caso, fui aprendendo com o que lia. Alguns comentadores ou especialistas tinham mais razão do que outros. Paul Krugman, por exemplo, desde há anos que tem previsto com bastante precisão a evolução da crise no mundo e em particular na Europa e até Portugal. Paul de Grauwe, que esteve cá esta semana, e de quem tomei conhecimento via Krugman, conseguiu prever a crise europeia actual antes ainda do Euro ter começado a funcionar. Tudo isto apontava para Keynes, que fui lendo, e para a necessidade de perceber mais de economia. Para isso, li um manual de Krugman, Wells e Graddy, Essentials of Economics. Por cá comecei a apreciar os textos do economista Pedro Lains, que tem feito um bom trabalho a desmontar certas ideias feitas sobre a crise. Leia o resto deste artigo »

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A Família no Combate ao Nepotismo

No Público, José Manuel Fernandes atira-se à greve dos estivadores, com os argumentos do costume, articulados do modo do costume. Ou seja, bastante preconceito, barrado com uma leve camada de factos e legislação, abrindo caminho a mais uma dose de preconceitos – associando, por exemplo, direitos do trabalho às economias controladas de Leste, desvalorizando a representatividade dos grevistas, associando-os ao comunismo e até à extrema direita, etc. Nada de muito sólido, como é habitual, apenas bocas a que é dada a aparência de seriedade pela citação de um número ou de um estudo, interpretados de modo bastante solto. Leia o resto deste artigo »

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A Gentinha

É habitual argumentar-se que a privatização de serviços públicos garante a liberdade do utilizador porque pode escolher o serviço que mais lhe convém, sem o Estado a ditar-lhe qual o ensino ou a saúde que deve ter.

Mas, para muitos liberais, essa liberdade resume-se a, muito disfarçadamente, não ter que lidar com “a gentinha”, tanto no sentido de não ser obrigado a pagar-lhes a escola e o centro de saúde através de impostos, como no de simplesmente não ser obrigado a estar fisicamente com eles numa situação de igual para igual, em que dinheiro, estatuto ou família não fazem diferença. Leia o resto deste artigo »

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Serviço Público

Do texto “Os Tempos do Centro Português de Design”, de José Pedro Martins Barata, publicado no livro Sena da Silva, da Fundação Gulbenkian:

“Ora ao criar o CPD, [o Ministro] Veiga Simão entendeu dar-lhe a forma de uma associação de direito privado tendo como associados organismos públicos, na maioria, obviamente, do âmbito do próprio ministério, o que resolvia vários problemas jurídico-administrativos (ainda que causando outros). Os organismos forçosamente associados viam-se assim sobrecarregados com a comparticipação num outro que lhes sugava os sempre escassos recursos, e nunca esconderam o seu fraco entusiasmo pela ideia de design, cuja necessidade lhes escapava. Mas o grosso dos recursos necessários ao exercício da actividade do CPD para lá dos que asseguravam pouco mais do que a sua existência, deveria ser conquistado pelo Centro agindo no mercado, em termos de mercado. Repare-se que, ao fazê-lo, o CPD entrava em concorrência com as próprias entidades prestadoras de serviços que, em princípio, deveriam ser apoiadas por ele – o que originava um certo mal-estar por vezes indisfarçável…” Leia o resto deste artigo »

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Declínio e Queda do “Designer Como Deve Ser”

Muito do que seria considerado design noutros tempos automatizou-se, concentrou-se nos Macs, iPads e iPods. Muito do conhecimento e das ferramentas necessárias para o fazer está embutido nos programas e, se houver alguma dúvida, pode-se sempre fazer uma busca no Google. Pelo preço de um computador e de uma ligação à net, exerce-se o design de uma maneira que os velhos praticantes só sonhariam se consumissem, numa base diária, doses industriais de ficção científica – e (talvez) substâncias psicotrópicas. Ainda é preciso algum talento para navegar nesta abundância de recursos, claro, ou pelo menos um ouvido para o que está ou não na moda, mas, para isso, uns anos de escola dão o empurrão inicial, e um ambiente de trabalho estimulante e exigente fazem o resto. Leia o resto deste artigo »

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Ocupar a Dívida

E, por falar na América, é de lá que vêm algumas das ideias mais vitais, mais brilhantes, em particular as do Occupy Wall Street. No começo, parecia apenas que iriam ocupar uma rua (literalmente), mas isso era só o começo: trata-se de ocupar a própria economia, substituindo-a por algo melhor. O melhor exemplo é sem dúvida a iniciativa Bail Out The People, onde se usam donativos para comprar dívida. 25 dólares podem comprar 500 de dívida. E o que fazem com ela? Perdoam-na. Não só consegue mostrar o grande negócio que é a dívida, a sua imoralidade evidente, como é uma maneira genial de o subverter, virando-o contra ele mesmo.

Mais informação aqui.

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O Devido Valor.

É habitual dizer-se que ninguém dá o devido valor ao design. Que é uma actividade importante, essencial até, mas que pouca gente conhece. Se fosse reconhecida; se houvesse divulgação; se os designers se organizassem; se as escolas dessem mais formação; etc. Aí sim, seria dado o devido valor. Leia o resto deste artigo »

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Anibáis Racionais

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Esta senhora diz que o Cavaco dela fala.

Só vejo televisão muito de vez em quando, em geral no ginásio, enquanto corro. Hoje a Sic Notícias fez algum estardalhaço à espera que Cavaco quebrasse o seu silêncio. Não sei se o chegou a fazer. Só vi um directo do presidente a inaugurar um hotel de luxo do Grupo Pestana no Parque das Nações. Sublinhou que a solução para Portugal seria investir no turismo, presumo que de luxo. Aí terminou a minha corrida. Se calhar disse qualquer coisa aos jornalistas à saída. Não faço ideia. Para mim, um Presidente a inaugurar um Hotel de Luxo, privado como é evidente, parece-me uma excelente mensagem sobre a crise e o modo como se está a resolvê-la: uma cultura que celebra o luxo mantida com o trabalho de gente que se espera pague para trabalhar – desde senhoras da limpeza a designers. Leia o resto deste artigo »

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Mário Moura

Mário Moura, blogger, conferencista, crítico.

Autor do livro O Design que o Design Não Vê (Orfeu Negro, 2018). Parte dos seus textos foram recolhidos no livro Design em Tempos de Crise (Braço de Ferro, 2009). A sua tese de doutoramento trata da autoria no design.

Dá aulas na FBAUP (História e Crítica do Design Tipografia, Edição) e pertence ao Centro de Investigação i2ads.

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