Quando era muito novito, ainda na nesguinha final da década de 1970, os meus pais mudaram-se de Lisboa para Vila Real de Trás-os-Montes, uma coisa que para mim foi traumática.
Da cidade branquinha com semáforos, metro, eléctricos e autocarros de dois andares, do quarto andar em Alcântara com vista para o rio de onde se podia ver sem grande esforço submarinos e fragatas enfunadas a passar por baixo da grande ponte vermelha cujos pilares ficavam quase ao fundo da rua, disto tudo saímos para um apartamentozito numa rua estreita separada por um muro tosco de pedregulhos de um prado seco onde vagueavam umas tantas vacas de grandes traseiros recobertos de crostas castanhas, estaladas, sempre com um bando de varejas a orbitar (desde essa altura que encaro as vacas dos desenhos animados como seres ainda mais mitológicos que um unicórnio). Mais ao fundo, dominando o horizonte, a silhueta em forma de tarte da Serra do Marão.
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